segunda-feira, 11 de julho de 2011

Dia de pizza

Ela é redonda, uma revolução para a humanidade quando descobrimos a roda. Não tem cantos para esconder, ou se esconder, as vezes uma borda recheada, invenção brasileira. Originalmente foi um prato rústico, da área rural da Itália, comida de pobre mesmo, simples de fazer, tão simples que poucos o sabem fazê-la direito.
Mas seu formato convida ao bate papo, sem privilégios, e dependendo da cobertura, tem tudo que um animal, como nós, precisa para se alimentar e acalentar as conversas. Meus passeios na infância, raros devidos a dureza, era um filme no Cine Samarone, no Sacomã, e uma pizza de mussarela depois, não lembro mais o nome do lugar, mas ficava no final da Rua Silva Bueno, também no Sacomã, e era um deguste só, já que naquela época não havia as infinitas pizzarias que entregam em casa com o gastrítico gosto de papelão.
Ela evolui no Brasil, mais especificamente na cidade de São Paulo, e já ouvi de quem experimentou a redonda na Itália que lá não tem os sabores e a qualidade paulistana. Aqui já existem grifes, não vou citar nomes pois esta crônica é gratuíta e não vou fazer merchandising de bobeira, de brotinho... Particularmente eu prefiro as tradicionais, mussarela, calabreza, atum e até de marguerita, mas as vezes cai bem uma de shitake ou de abobrinha (tem um lugar que faz esta última divinamente, até para quem não gosta do legume).
É uma pena que também a transformaram numa jocosa expressão, principalmente quando há uma coisa errada e, apesar de revelada, nada acontece. Isto já virou um disco riscado no Brasil, sempre se repete, em moto contínuo, mas o prato em si não tem nada a ver com isto, continua a refestelar os jantares quando não se tem muito o que pensar, apesar da lista enorme de combinações, para todos os gostos, e mau gostos, principalmente os que acrescentam um certo queijo cremoso que não sei quem foi o infeliz que o fez (um grande boca de cabra).
Assada no forno à lenha, que me perdoem os verdes, ela sai borbulhante até a mesa, aquecendo qualquer fome, quebrando dietas e regras de etiqueta, já que para ela não as há, democrático prato divino, sem regras, apenas aquele triângulo no prato, soltando fumaça e perfumes, sendo mastigada pedaço por pedaço, e se for com a mussarela certa, aquele fio de queijo derretido a embaraçar os mais empertigados...
Viva o dia da pizza, que ela nunca acabe em uma...

Edman
10/07/2011

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