domingo, 11 de junho de 2006

O melhor dia dos namorados que alguém pode ter


(solidariedade aos que ainda não acharam o seu)

         É impossível deixar de lembrar que amanhã é dia de romance, pelo menos comercialmente falando. Em todo lugar que se olhar lá vem coração vermelho-sangue com uma oferta. Fotos de casais perfeitos em cenários idílicos. Até para quem tem o que comemorar enjoa, imagine quem está só. Deveria ser dureza, mas tem um jeito de não ser.
         Quem é que pode lembrar de todos os amores que já viveu – porque todo mundo já viveu uma paixão, disso ninguém escapa – sem remorsos? Só quem amanhã estará sozinho. Vai ser poupado de jantar com cheiro de velório, filas e vários casais histéricos tentando ser mais casais que o resto da platéia.
         Você, caro solitário (a), vai poder ir para sua casa, escolher o vinho que você quiser – não vai haver palpite – e tomá-lo da maneira que mais lhe for prazerosa. No copo, na taça, na caneca, entornando de vez. Pode até mesmo ser uma cachacinha que os dias não estão para tanto. Mas uma bebida é boa para acompanhar. À seco, é mais complicado e sem graça, verdadeiramente impossível de aturar.
         A sua música preferida, ou as várias trilhas sonoras que já lhe acompanharam. Não vai ter ninguém pedindo “aquela música”, que você não sabe muito bem o que lembra, mas tem certeza que não é com você. Outra coisa é que ninguém vai querer dançar ou, pior, tentar te ensinar a dançar depois de um dia que o que mais você deseja é relaxar.
         Pode comer, ou não, o que teu apetite lhe pedir, sem preocupação se combina com o vinho, a cana ou a situação. É seu dia, alone again, não é para ficar se lamentando, é para recordar dos amores que já teve, afinal, melhor que um romance são vários deles no mesmo dia.
         Pode lembrar daquela meiga do primeiro ano, você não fazia idéia o que era gostar de alguém, mas vivia suspirando pelos cantos. Aquela cobiçada morena, namoradeira, mas que um dia te olhou nos olhos e disse: como você é inteligente!. Ou outra que parecia liberada, te achava o “homem” mais sério da classe até que você pisa na bola, literalmente. Aquela baixinha de cabelos longos, misteriosa, te dando corda mas quase casada com um bem mais velho.
         E você vai lembrar da primeira mão, do primeiro beijo, da primeira vez, daquela vez, da inesquecível, dos amores que duraram, dos que se espatifaram e do penúltimo. Sim, meu caro, porque se você disser último pode encomendar a alma.
11/06/2006
Edman, esperando nunca precisar fazer isso