quinta-feira, 1 de agosto de 2002

A política sob o ângulo do eleitor


                Minha primeira lembrança política foi um jogo de camisas que um candidato a vereador deu ao nosso time. Era 1970, estava com 10 anos e nosso bairro ficava no longínquo quilômetro 12 da Via Anchieta, muitas ruas sem asfalto e um “brejão” para os encontros de futebol. Após 18 anos, já como jornalista, eu tive a oportunidade de viajar pelo país. Embora o assunto principal fosse turismo, pude constatar que a prática que vira na infância continuava...
                Política é representatividade. Estamos numa democracia, elegemos as pessoas para legislar e executar o que for melhor para a comunidade. As prioridades de diversos grupos são diferentes mas, dentro dessas diferenças, surgem necessidades comuns e é nessas que os homens públicos devem concentrar seus esforços. Acho uma inversão de valores a importância que se dá aos eleitos no executivo. É no legislativo que as mudanças acontecem. Quem representa mais as diferenças da população não é um prefeito, governador ou presidente. Vereadores, deputados e até senadores estão muito mais próximos do seu eleitorado.
                Política é habilidade. Qualquer programa de governo que não privilegie a educação é equivocado. Com um ensino completo é que você cria condições de cidadania e reduz doenças, marginalidade, vandalismo, desperdício. Quanto do orçamento hoje é utilizado para remediar estes problemas? A prevenção custaria menos. Educação não é só desfilar nomes históricos, fórmulas matemáticas ou regras gramaticais. É focalizar a pessoa como agente e dar-lhe condições de desenvolver suas habilidades.
                Política é visão. Há soluções imediatas, a médio e a longo prazo. O que perturba hoje a população é segurança. A palavra é combater, pois há uma guerrilha urbana acontecendo. É necessário efetivo pessoal para isso. Crie-se parcerias, incentive-se as empresas de segurança privada e faça tantos concursos públicos quantos forem necessários. Isto é uma emergência. A médio prazo tirar os policiais de onde moram. Criar vilas onde eles possam sentir-se seguros de deixar suas famílias. A longo prazo criar penas mais severas e um processo de aprendizado para que os detentos tenham a oportunidade de mudar. Empregos serão gerados nestes três processos que precisam ter início simultâneo.
                Política é comunicação. Isto foi possível, isso é difícil, aquilo vai demorar. Infelizmente, notícia ruim sempre é manchete. Quando é boa, serve para encerrar o noticiário. Na grande imprensa é assim e por isso, qualquer agente político não pode estar na dependência da mídia. Ele mesmo tem de criar meios para que seus eleitores tenham acesso e respostas. Não é troca de favores, nem pode virar isto. É profissional. As grandes empresas têm atendimento ao consumidor e à imprensa. O que impede os políticos de terem um similar. Às vezes, apenas sabendo que fulano de tal está se mexendo e não aparece apenas em época de eleição, é que se constrói a base de credibilidade que todo homem público deve possuir.


                                                                                              Início da campanha política, no rádio e na TV, de 2002.