sexta-feira, 8 de março de 2002

Um certo dia 8 qualquer

Mulheres, cheguei!
Não se aflijam, não estou esnobando ou passando uma cantada barata,
Opa, desculpem o termo, sei que não gostam do adjetivo inseto,
Mudemos, pois, para uma pobre cantada,
Uma vez que pobre, aqui, é moda, já a cantada nem tanto…
Voltemos ao início, sim é o início,
A quem mais poderíamos dizer, cheguei!
Ao obstetra? Em que pese o nome feio e mal formado,
Geralmente careca e com bigodes,
Ele só fez acompanhar, não sentiu dor alguma,
A não ser que o cheque voe com a cegonha…
À parteira, também mulher, também importante,
Mas convenhamos, não foi ela quem te carregou
Umbigo abaixo, por ladeiras e escadinhas incômodas dos ônibus,
Além do mais, aquele cheirinho de pito, logo na primeira respirada,
Dá uma náusea que só nascendo para saber.
Ao pai, qual deles?
Não, não crucifiquem a parturiente, não é disso que estou falando,
Mas de que jeito vamos saber,
Como ter certeza, se não guardamos sequer um cheirinho do afortunado.
Mas de vocês, que já começam a nos aturar desde sementes,
Sentimos todos os caminhos, todos os carinhos e,
Principalmente, todo aquele leite morno, sugado com vontade,
Com volúpia, apetite, a bel-prazer,
Não que sejamos desde cedo maníacos,
Mas é que a cólica de vir ao mundo só passa nos seus seios,
No seu colo.
Por isso, mulheres, com toda a fome do mundo, cheguei!

08 de Março de 2002, Dia Internacional da Mulher
Edman Izipetto
São Bernardo do Campo
Jornalista, poeta e admirador das belezas do mundo.