tag:blogger.com,1999:blog-88766154010722838652024-02-20T15:30:27.212-03:00Crônicas de soslaioUm olhar de canto e palavras diretas ao leitorEdman Izipettohttp://www.blogger.com/profile/03201225339941325901noreply@blogger.comBlogger90125tag:blogger.com,1999:blog-8876615401072283865.post-23803804228147690902021-08-01T21:07:00.000-03:002021-08-01T21:07:20.181-03:00Rebeca da breca<p> A menina de Guarulhos, não fiz pesquisa, atravessou o mundo redondo, muito redondo, para fazer piruetas. Desconheço a nomenclatura da ginástica, mas ela pula obstáculos, quantos estiverem no caminho. Este é o espírito do brasileiro que nasce negro, preto, mulato, pobre e periférico.</p><p>Desvia de balas, jamais perdidas, mas direcionadas ao preconceito. O esporte, e a cultura, é o triplo carpado para fugir da marginalidade. A escola é quase que uma exceção, uma redenção, desde que não incomode os doutores patrocinados para continuar a dominação das castas.</p><p>Quem mais poderia harmonizar Bach com funk? Movimentos dignos do filme Matrix, uma realidade virtual antes dela existir. Uma Macunaína do século XX competindo entre tantas loiras, também meninas com seus dramas, mas sem a agilidade de usar o Flic-Flac para escapar da morte, talvez não a física, mas do determinismo.</p><p>Rebeca é muleca, mas com uma serenidade que assusta, não ao que tenta trazudir o sentimento de quem escreve esta emoção de pódio compartilhado, mas dos mais de 260 milhões de brasileiros, desconhecendo que o país pouco fez para que chegasse ao ouro e prata, e muito menos dos que perceberam que nossa Bandeira foi resgatada.</p>Edman Izipettohttp://www.blogger.com/profile/03201225339941325901noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8876615401072283865.post-10534101312500871032015-09-11T09:51:00.003-03:002015-09-11T09:51:19.697-03:00Procon-SP suspende evento tradicional
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<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O 31 Encontro de Defesa do Consumidor , que aconteceria nos
dias 10 e 11 de setembro, na AASP (Associação dos Advogados de São Paulo) foi repentinamente
suspenso pela<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Diretoria Executiva
do Procon às 17 horas do dia 08 de setembro, sob alegação de contenção de despesas.</div>
<div class="MsoNormal">
Em comunicado intranet, postado às 17 horas do dia 08
último, assinado pela diretora<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>executiva
Ivete Maria Ribeiro, citando o decreto 61.466 de<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>02 de<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>setembro
(cujo conteúdo diz<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>respeito tão só
a contratação ou não<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>de novos servidores,
concursados ou não), “Esta Diretoria Executiva, por determinação do Excelentíssimo
Senhor Secretario de Justiça, SUSPENDE o 31 encontro de Defesa do Consumidor.”</div>
<div class="MsoNormal">
Para a AFPROCON (Associação dos Funcionários do Procon)
causou<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>estranheza o cancelamento em
cima da hora, haja vista que o programa de contenção de gastos do Governo
Alckimin foi decretado em fevereiro<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>e, se fosse o caso, o desgaste - e os custos - com os 540 inscritos,
mais as despesas de transporte, hospedagem, suporte para o evento, material gráfico
e o cancelamento dos convites com os palestrantes não teria acontecido.</div>
<div class="MsoNormal">
NCFS, há 9 anos no Procon de Ilha Solteira, foi um dos inscritos
que não souberam do cancelamento a tempo, e<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>viu sua viagem de 14 horas ate São Paulo tornar–se inócua.
Como há<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>representantes de outros estados,
é possível que outros interessados em discutir os rumos dos direitos do
consumidor percam também a viagem.</div>
<div class="MsoNormal">
Como havia uma manifestação da AFPROCON, programada para o
dia 10, com pauta de dissídio coletivo, reposição salarial, viabilização das carreiras,
jornada de 6 horas nos postos de atendimento público, licença maternidade de
180 dias, resgate técnico da Fundação, sob a contrariedade da Diretora, fica a
suspeita da verdadeira razão da suspensão de um evento que antecede à própria origem
do Procon.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Maiores informações:</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Manuel Amaral da Silva</div>
<div class="MsoNormal">
Presidente da AFPROCON</div>
<div class="MsoNormal">
<a href="mailto:Contatoafp8@yahoo.com.b">contatoafp8@yahoo.com.b</a>r</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>edman izipetto</div>
<div class="MsoNormal">
jornalista mtb 13677</div>
<div class="MsoNormal">
izipetto.edman@gmail.com</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<!--EndFragment-->Edman Izipettohttp://www.blogger.com/profile/03201225339941325901noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8876615401072283865.post-76522617559497583922014-08-09T17:15:00.000-03:002014-08-09T17:15:10.230-03:00É fatherNão sentimos as dores de um ser empurrando nosso ventre, pois estamos ocupados na angústia de perceber a mulher perdendo suas formas e tornando-se mais suscetível aos nossos atos de pouco tato.<br />
<span class="Apple-style-span">Participamos do parto como meros espectadores, at</span><span class="Apple-style-span" style="color: #555544; font-family: tahoma, 'Trebuchet MS', lucida, helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">é</span><span class="Apple-style-span"> filmamos toda aquela divina violencia que </span><span class="Apple-style-span" style="color: #555544; font-family: tahoma, 'Trebuchet MS', lucida, helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">é</span><span class="Apple-style-span"> uma vida transpondo para cá a sua viagem neste louco mundo.</span><br />
<span class="Apple-style-span">Precisamos de milhões de espermatozóides, elas apenas de um óvulo. Não entendemos as vontades, os desejos, os caprichos, mas deve ser o preço da perpetuação da esp</span><span class="Apple-style-span" style="color: #555544; font-family: tahoma, 'Trebuchet MS', lucida, helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">é</span><span class="Apple-style-span">cie.</span><br />
<span class="Apple-style-span">Mas a maneira como entendemos o mundo muda quando vemos aquele ser, ainda inchado, nos braços da enfermeira, ou amamentando, pois o mais próximo disto que chegaremos </span><span class="Apple-style-span" style="color: #555544; font-family: tahoma, 'Trebuchet MS', lucida, helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">é</span><span class="Apple-style-span"> comprar leite no mercado.</span><br />
<span class="Apple-style-span">Pai </span><span class="Apple-style-span" style="color: #555544; font-family: tahoma, 'Trebuchet MS', lucida, helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">é</span><span class="Apple-style-span"> o coadjuvante candidato a Oscar, e nem sempre ganha...</span>Edman Izipettohttp://www.blogger.com/profile/03201225339941325901noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8876615401072283865.post-91812366083916176532014-06-04T19:06:00.000-03:002014-06-04T19:06:32.172-03:00A copa e a área de serviçoFoi o futebol que colocou o Brasil no atlas. Até então éramos uma imensa floresta tropical cuja capital era Buenos Aires. Corria-se o risco de levar uma flechada pelas trilhas da Av. Paulista e, a garota de Ipanema era o sonho idílico de Peri, numa toada sem tambores e atabaques, mas no canto de guerra da Bossa Nossa, o samba civilizado pelo jazz.<br />
Foram-se os tempos românticos do esporte, que roubou as gingas da capoeira e a determinação de liberdade de um povo, forjado nas altas temperaturas da exploração e derrama, tirando o pouco que tem sem devolver o mínimo à sobrevivência digna. O futebol sempre foi uma destas válvulas, deixando escapar a pressão de maneira controlada, cozinhando a existência numa sopa de indiferenças.<br />
A copa não é a razão de todos os nossos problemas, nem vai resolvê-los quando ocorrer a batalha final dos gladiadores modernos na Arena Maracanã, porque a morte psicológica de uma derrota é tão sangrenta quanto as que ocorriam no império romano. Nada mais apropriado hoje chamar de arenas os estádios, já que era assim que se mantinham no poder os que dele apenas se beneficiavam... Não me refiro ao poder das siglas, mas daquele escamoteado pelos corredores, pelos porões da corrupção, que rouba desde as quentinhas dos presídios, às merendas, às salas de educação e saúde, às moradias, que sangra a nossa riqueza há 500 anos. Sempre os mesmos anônimos.<br />
O futebol nos colocou no mapa, e é ele quem vai nos desnudar. Que nem tudo aqui é festa, carnaval, beleza natural e um povo pacífico, alheio, de terceiro mundo. Tudo estará em tempo real, mesmo que as transmissões oficiais relatem, e é isto que irão fazer, o que chamam de espetáculo, sempre haverá uma imagem pelos milhões de celulares, ávidos por registrar e divulgar seus chips de realidade.<br />
Fizemos uns "puxadinhos" (Doze templos cuja única razão é distrair), amontoamos nossas tralhas num quarto vazio, deixamos nossa sala para os visitantes, e vamos assistir a Copa de nossas áreas de serviço - entupidas de coisas por fazer - onde nem sempre as ondas de transmissão sintonizam, onde o rádio chia, as televisões chuviscam, mas tudo se esquece, como num porre, ao gritar Gol.Edman Izipettohttp://www.blogger.com/profile/03201225339941325901noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8876615401072283865.post-2358288491463432562014-01-02T23:50:00.006-02:002014-01-02T23:50:47.618-02:00Histórias de Dona DgmarMinha bisavó, Antônia (não lembro os outros nomes, mas tinha Quadros no meio, é dele mesmo, todo mundo tem o lado negro na família) é a pessoa mais marcante da infância de minha mãe. "Ela é a mãe de minha avó, Rita Duarte, tão submissa, mas que nunca assinou o sobrenome do meu avô, Santucci. Esta é outra história...."<br />
Tinha na minha mãe a neta favorita, a companheira de tarefas. Como a de colher e escolher as mangas espada, tão raras hoje, no número de cem, para o comerciante português (já perceberam que sempre é um português), cuja cobrança era apenas um disfarce para não dizer que era doação. Minha mãe não lembra dos valores, mas guarda em suas lembranças as cores, o perfume e o prazer de estar embaixo de um pé de manga. Dá gosto vê-la devorar uma, com fibra e tudo, hoje em dia.<br />
O quintal destas fantasias era em Salto, SP, próximo ao Rio Jundiaí, onde ele se junta ao Tietê para formar o que dá nome à cidade, Saltos de Itu (em indígena é rio, são cachoeiras), que sempre aparecem no noticiário negativo da TV na formação de espuma. O lugar é lindo, basta a Grande São Paulo parar de blá blá blá e cuidar do esgoto e do sabão biodegradável.<br />
Mas neste quintal tinha um universo. O universo da minha mãe. Galinhas poedeiras e raposas pegas em armadilhas, todas as frutas possíveis, todas as verduras, e principalmente, todas as ervas. Minha bisavó era católica fervorosa, mas benzia, despachava e encaminhava. Era uma pessoa incrível, pela descrição de minha mãe. Quando precisava, ia no terreiro "encaminhar os caminhos". Uma frase que minha mãe disse neste reveillon me inspirou a escrever esta crônica.<br />
Um irmão que morreu por falta de conhecimento e saúde pública, não sei a época e isto é irrelevante (porque continua igual), mas que minha mãe tinha verdadeira paixão, foi vaticinado pela minha bisavó: "Esta criança é muita linda, não vai durar muito no meio de tanta gente feia como vocês". Eu queria a máquina do tempo só para conhecer esta mulher... Ele morreu criança, vítima de pneumonia, por falta de atendimento adequado.<br />
E ela fazia sabão de cinzas, ótimo para combater as sarnas dos animais de estimação. Estamos falando da década de 30, 40. Ela doava os sabões quando era para este fim. Não tinham nada, viviam a vida simples, mas doava sabão de cinza para curar um animal que nem conhecia. É ou não para conhecer uma figura assim...<br />
E meu bisavô, Joaquim Duarte, mais conhecido como Nhô Quim (adorei), era carpinteiro, e odiava que o chamassem de marceneiro. Eu até agora não entendo a diferença, espero que alguém me ajude. Foi quem ensinou as horas para minha mãe. E fazia caixinhas de madeira onde minha bisavó guardava goiabadas, marmeladas e outros doces, sem conservantes, sem geladeira, que duravam tempos, das frutas colhidas e apuradas no tacho de cobre, sobre o fogo à lenha. Este era o segredo, segundo Dona Antônia.<br />
Apaixonante é ver o brilho nos olhos de minha mãe quando conta estas histórias, principalmente sobre meu pai, na visita mensal depois de ir trabalhar na Capital e voltar de trem, sempre com um presentinho, namorando na sala/copa, extrapolando o horário definido pelo chato do meu avô, sem lenço e sem documento, apenas amando minha mãe. Eu tenho pedigree...<br />
<br />
Edman<br />
02/01/2014<br />
<br />Edman Izipettohttp://www.blogger.com/profile/03201225339941325901noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8876615401072283865.post-54222953663590570692013-12-31T18:36:00.001-02:002013-12-31T18:40:50.605-02:00Ritual de passagem<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfSGcFSBqn4R6XyU_iF3OyRTwWgc28evOGFq-Tc4NK0Q40cwVqL6oUpgU9-EUMdG18nRp9teB-y7nFEv63s2e5e5Qy3whJn5sua1s17oMnJ1Smgouz1HG2GnZ5Id7wP0ZpGiLSGLnK-4lO/s1600/Imag0109.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfSGcFSBqn4R6XyU_iF3OyRTwWgc28evOGFq-Tc4NK0Q40cwVqL6oUpgU9-EUMdG18nRp9teB-y7nFEv63s2e5e5Qy3whJn5sua1s17oMnJ1Smgouz1HG2GnZ5Id7wP0ZpGiLSGLnK-4lO/s320/Imag0109.jpg" width="320" /></a></div>
Já passei o Reveillon na praia, na montanha, na casa dos amigos, de parentes, na minha, com a família, sem a família, mas acho que é a primeira vez que vou celebrar este ritual comigo mesmo, não vou passar sozinho, mas decidi algumas coisas, não promessas de mesa de boteco, que não pretendo, vou fazer. Uma delas é escrever que é a parte que me deixa mais feliz...<br />
Brasil e Argentina na final da Copa aqui, onde o pessoal da cozinha vai ter que assistir de telões e tv, porque elitizaram o esporte mais popular do país. Neymar x Messi, um jogo para entrar para história, independente de quem ganhe (desde que seja o Brasil, claro), será A DECISÃO.<br />
E a única sexta-feira 13 do ano será em junho, um dia após Brasil x Croacia. Queria ver EUA e Inglaterra jogando neste dia, eles adoram o 13... Sem dúvida o futebol vai dominar o país, o noticiário e os prós e contras até o meio do ano. Depois virá a ressaca, com vitória ou não, uma bela de uma ressaca.<br />
Além do carnaval, que Sampa segue tentando fazer igual aos cariocas, vai ter um belo feriadão com Sexta da Paixão e 21 de abril na segunda seguinte. Às pessoas curtas de idéias e nascidas para carimbar papéis, mesmo que eles não existam mais, o País não para nos feriados, apenas os negócios mudam de foco, porque é o turismo quem fatura com isto, é o comércio, é a grana que circula e movimenta esta imbecilidade chamada de capitalismo.Mas o segundo semestre vai ser duro, nadinha, e ainda com propaganda eleitoral...<br />
Novas amizades, amores, reencontros e despedidas, saudades que reaparecem, lembranças que vão repousar no fundo do lado do esquecimento. A vida é assim, e o grande barato dela é manter-se sereno, tanto nas euforias quanto nas depressões, ouvi isto de um conhecido, parece que é alguma sabedoria oriental, contada de maneira matemática. Eles devem mesmo ser sábios, o ano sempre começa lá primeiro, a esta hora que escrevo isto, eles já estão de ressaca, e o meu Pernil ao Mediterrâneo mal começou a liberar seus aromas inconfundíveis.<br />
<br />
Que 2014 seja 100% melhor que 2013<br />
Edman<br />
31/12/2013<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
Edman Izipettohttp://www.blogger.com/profile/03201225339941325901noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8876615401072283865.post-52960157045056990702013-12-23T05:57:00.000-02:002013-12-23T05:57:06.172-02:00Trégua geral, afinal é NatalTalvez alguns passem ao largo de tudo isto, por alguma crença, por tristeza, momento, solidão ou até por falta de motivo mesmo. Mas sempre dão uma espiadinha. A generosidade anda solta por estes dias, como querendo compensar todo o ano de egocentrismo. Há um sorriso discreto, mesmo nesta busca desenfreada de consumo e glutonice, que deixa o ambiente mais leve, mais colorido, mais piscante.<br />
E as desavenças, que até então pareciam inconciliáveis, resolvem-se num abraço, na troca de presentes, nos brindes de copos de requeijão às taças bohemias. Na farofa enriquecida de fofocas e picantes comentários, nas aves que não fugiram da degola e no salpicão, que aquele seu parente que só aparece uma vez por ano, faz questão e honra de deter tão secreta receita.<br />
Após meio século de Natais, ufa, a melhor lembrança que guardo deles é descobrindo Sampa, pela primeira vez e antes do apelido, indo de ônibus do longínquo Jardim Maria Estela até a rodoviária, meus pais, irmãos e malas enormes onde cabiam toda a nossa alegria de passear, vislumbrado com todas aquelas luzes, a gritaria, a voz do megafone anunciando as partidas, sempre atrasadas pontualmente.<br />
Certeza que haveria um sanduíche de pão de forma, com uma fatia de apresuntado e outra de queijo prato, uma fartura para nossas vidas periféricas, e ainda tínhamos direito a um gibi, para ler durante as deliciosas e intermináveis horas de viagem até Salto, onde nossos avós e o resto da família nos aguardavam com panetones caseiros e um festival de guloseimas que só casa de avó é capaz de ter e inventar. "Bença" vó. Não lembro de ceias, sempre dormíamos cedo, mas tinha alguém vestido de Papai Noel que entregava presentes, antes das novelas, transitando pelas ruas de paralelepípedos numa kombi enfeitada e transvestida de trenó. E tinha a mesa dos adultos, e a mesa das crianças, onde nos afogávamos de tubaína sob a vigilância severa dos pais, com medo que toda aquela água viesse a sair durante o sono nos colchões sinfônicos de palha seca.<br />
Tudo simples, tudo inesquecível.<br />
O espírito de Natal, na verdade, é a criança adormecida que trazemos dentro de nós e vê, nesta época, o portão semi-aberto e escapa, vai solta traquinar e brincar de ser humano, sem diferenças, sem preconceitos, na inocência de que pode haver um mundo mais justo, do tamanho do quintal dos avós, onde as fantasias sobem nas mangueiras e cajueiros, as galinhas botam ovos de verdade e as cercas, de bambus cortados ao meio, permitem que se espione os brinquedos vizinhos.<br />
"Há um menino, há um muleque,<br />
Morando sempre no meu coração,<br />
Toda vez que o adulto balança<br />
Ele vem pra me dar a mão"<br />
<br />
Feliz Natal a todos<br />
Música tema, Bola de Meia, Bola de Gude<br />
Edman<br />
25/12/2013Edman Izipettohttp://www.blogger.com/profile/03201225339941325901noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8876615401072283865.post-33855350564246291022013-01-24T17:14:00.001-02:002013-01-24T17:16:20.514-02:00Sob a garoa paulistana<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMnxzmBV43DbwFBTRTzdginXQRKjyptefFDgQV7pDIhIIJV-bxEk4-p21K9BQWkXI63d8fRTCV3AMNewOVnqfDHTvxRbC_LMuiSh9CpadConWQinEnhDPaOpVYN7NBDuS9HbqdyTFTFUdQ/s1600/Imag0109.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMnxzmBV43DbwFBTRTzdginXQRKjyptefFDgQV7pDIhIIJV-bxEk4-p21K9BQWkXI63d8fRTCV3AMNewOVnqfDHTvxRbC_LMuiSh9CpadConWQinEnhDPaOpVYN7NBDuS9HbqdyTFTFUdQ/s320/Imag0109.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Antes da civilidade, São Paulo era uma bacia hidrográfica
protegida a leste pela Serra do Mar, e suas quaresmeiras, e a oeste pela
Mantiqueira e os resquícios de araucárias. A peculiaridade de nascentes bem
próximas ao litoral correndo para o interior ajudou na sua conquista. As
corredeiras do Tamanduateí eram a via expressa de quem subia do litoral até o
porto de Piratininga, parada obrigatória antes da viagem para os sertões. Muitas
fogueiras foram acesas onde hoje o majestoso Mercadão distribui seus quitutes.</div>
<div class="MsoNormal">
Das elevações secundárias, o maciço da Paulista dividia as
chuvas entre o vale do Pinheiros e o do Anhangabaú. O sinuoso Pinheiros
inundava toda várzea de seu nervoso trajeto formando um alagadiço em meio à
Mata Atlântica, criadouro natural de peixes e o “ceagesp” dos animais de caça. O
Anhangabaú, por sua vez, escorregava transparente entre pedras, escavando e
separando o centro velho do centro novo, dois platôs repletos de ipês,
jacarandás e manacás históricos.</div>
<div class="MsoNormal">
Todos os rios, riachos, córregos e olhos d’água declinam
para o Tietê. Os Bandeirantes usaram este rio para aumentar as fronteiras do
então novo “continente”, na fúria cega de ouro, pedras preciosas e captura de
indígenas. Os jesuítas os catequizavam e ambos, religiosos e exploradores,
dizimaram os nativos à sua maneira, ensinando latim e espalhando sífilis numa
guerra de bacamartes contra flechas.</div>
<div class="MsoNormal">
Neste ambiente úmido, repleto de mosquitos, a névoa era tão
densa que se precipitava na forma de garoa, presente o ano todo, independente
da estação. As trilhas foram pavimentadas, as mulas trocadas por veículos –
embora existam mulas conduzindo veículos – e o trem ajudou a temperar as
palavras com fumaça e dialetos, ligando o porto de Santos à Luz.</div>
<div class="MsoNormal">
A cidade foi crescendo às margens das águas, de costas para
o mar, subindo as encostas e terraplanando a idéia de paraíso, como um grande
porto a desembarcar os sonhos de migrantes e imigrantes. Das buchadas à
macarronada, das esfihas aos sushis, da fruta pão às baguetes, a capital da
pizza está encharcada de sabor e história que o grande rio insiste em levar
para o Oeste.</div>
<div class="MsoNormal">
Hoje muitos destes cursos d’água estão escondidos, talvez
envergonhados pelas suas entranhas à mostra, saturados da diarréia insana do
consumo e das palafitas feitas de cimento e descaso, que roubaram a ciliaridade
de suas margens como placas de colesterol e trigliceris. Os rios de Sampa são
sua artéria, as veias as avenidas. Tudo está entupido. Não há mais
bandeirantes, mas a caça continua entre tribos de balas perdidas e suas pedras
escuras cheias de loucura. Não há mais jesuítas, mas os “sacerdotes” de hoje,
que não falam latim, continuam a querer catequizar e vender indulgências. A
garoa de hoje é apenas a poeira tóxica da inversão térmica.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Sampa merece um futuro melhor.</div>
<div class="MsoNormal">
Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com a
realidade terá sido mera (ou quimera) coincidência.</div>
<div class="MsoNormal">
Edman Izipetto</div>
<div class="MsoNormal">
25/01/2013</div>
Edman Izipettohttp://www.blogger.com/profile/03201225339941325901noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8876615401072283865.post-40058581269357607812012-12-30T23:58:00.002-02:002012-12-31T00:02:07.193-02:00O caramujo e o relógio<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_cH8GGAH7Dwsh7CGRZBRXM13hJzUdfHh8EUQFVka6FTXrb1NNFzPSIZD8rEqvA0nd8hqjCb-cg0xPhM_qjgk3M9uH-VGzxL1GVSGfvmQC8kpUMhm-0rdZFloee4YeeF7i2FRMaKTAQlRR/s1600/caramujo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_cH8GGAH7Dwsh7CGRZBRXM13hJzUdfHh8EUQFVka6FTXrb1NNFzPSIZD8rEqvA0nd8hqjCb-cg0xPhM_qjgk3M9uH-VGzxL1GVSGfvmQC8kpUMhm-0rdZFloee4YeeF7i2FRMaKTAQlRR/s200/caramujo.jpg" width="149" /></a><br />
Uma orquídea resgatada do passeio público há um ano, pronta
para virar lixo, com uma única folha, resolveu florir, cinco perfumadas flores
brancas há cinco semanas intactas. Coloquei-a ao abrigo da chuva e do sol, onde
a claridade e o ar não faltam. Após alguns dias, percebi um caramujo,
desfilando seus rastros de prata sobre um broto de folha nova, já com algumas
mastigadas. Instintivamente, dei-lhe um toque de bola de gude, antes que
atingisse as flores. Não o vi mais.<br />
<div class="MsoNormal">
Ele apareceu subindo pela parede e, não sei o porquê, eu o
deixei nesta longa e sofrida caminhada para o alto, e avante. Ele estacionou
num ponto e aí ficou, alheio a todos os fogos, todas as vitórias e derrotas, à
rotação e intempéries, ao universo que para ele deve ser o nosso mundo, e a total
ignorância do fim dos tempos ou não. Parece que observa da janela lateral, de
seu trailer cinza, o passar das eras.</div>
<div class="MsoNormal">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpR13h1TorpTQkpMiaI9wCQZPi20ptLtXeohjLAtVZRrymCBV0gffNIeV3p2I5xDUDr5RW5Mz0IeQ9FoCxAqDS68KGp5EzhYaSi4D1OkVd1w7hUIiyhnfqxzDFiow4DI7iB1I_GJ3sQ8Eq/s1600/caramujo2.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpR13h1TorpTQkpMiaI9wCQZPi20ptLtXeohjLAtVZRrymCBV0gffNIeV3p2I5xDUDr5RW5Mz0IeQ9FoCxAqDS68KGp5EzhYaSi4D1OkVd1w7hUIiyhnfqxzDFiow4DI7iB1I_GJ3sQ8Eq/s200/caramujo2.jpg" width="149" /></a>Bem na véspera do Natal, meu relógio de pêndulo resolveu
parar, e ele teima em não continuar seu ritmo de badalar nas horas cheias e,
mesmo com corda e impulsos que minhas mãos, sem muita paciência, teimam em lhe
fornecer, ele vai diminuindo e para, empaca, não quer prosseguir. A vontade das
engrenagens desafia a minha de ver este ano ficar no retrovisor.</div>
<div class="MsoNormal">
Fico sentado na escada, entre o caramujo e o relógio, todos
parados no tempo. Um ser vivo, muito mais próximo da origem da vida do que eu, que
simplesmente “escolheu” um lugar para ficar, o outro – apenas dentes e inércia
– esperando o impulso para lhe dar um sentido. Um relógio parado é surreal...</div>
<div class="MsoNormal">
Eu na escada da vida, entre estas frestas paradas, à espera
de um sopro de movimento, coloco minha mão sob o queixo, somos três inertes
entre a subida e o retorno, entre colunas que dançam com as sombras num tango
vienense, numa salsa irlandesa, num samba blue sem rimas óbvias ou sucesso no
youtube.</div>
<div class="MsoNormal">
Acerto a trigonometria do relógio, devolvo o molusco à
natureza, intacto, e subo as escadas para um ano diferente, nem mais novo nem tão
experiente, mas com 365 poentes. A surpresa já é bem melhor que a rotina, seja
ela qual for.</div>
<div class="MsoNormal">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjMUcFfbzkVq-h59l-5oBd7AFqpYHSxOD34RnHrtmp3SgJIZFXJY8Uwqh9MDB2nj2hIXzFgjEmGtTHRrCFvzEDmSGePEdlMWtsERuIGQwVEId3qULqEB3ERMXSbSLCHh8nj9NbnvK4XBez/s1600/caramujo3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjMUcFfbzkVq-h59l-5oBd7AFqpYHSxOD34RnHrtmp3SgJIZFXJY8Uwqh9MDB2nj2hIXzFgjEmGtTHRrCFvzEDmSGePEdlMWtsERuIGQwVEId3qULqEB3ERMXSbSLCHh8nj9NbnvK4XBez/s200/caramujo3.jpg" width="200" /></a></div>
<br /></div>
Edman Izipettohttp://www.blogger.com/profile/03201225339941325901noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8876615401072283865.post-16406574938401547802012-12-24T01:47:00.003-02:002012-12-24T01:48:21.314-02:00Final de Ano<br />
<div class="MsoNormal">
E o mundo não acabou embora, cientificamente, ele morra um
pouco a cada dia. Nós estamos no meio da existência, por volta de 4,5 bilhões
de anos. A humanidade, no sentido biológico, não ético, está há 5 mil anos (A
terra não precisou muito de nós para evoluir...). Como dizem as pesquisas, com
erro de alguns milênios para mais ou para menos. E o Natal, teoricamente, há
2012 anos. Mas é menos que isto, pois começou na era industrial para incentivar
o consumo. Não calculei estatísticas, mas acho que é uma fração de segundos
esta importância toda.</div>
<div class="MsoNormal">
Nascimento de Jesus? Há controvérsias, mas se hoje há
nascimentos que ainda se perdem nas datas, o que dirá há dois mil anos...O que
vale é o ritual, reencontro com os seus, os meus e os nossos. Mas até hoje não
me explicaram porque a morte dele é no calendário lunar – numa trilogia – e o
nascimento no solar – num curta. As explicações costumam ser num minuto.</div>
<div class="MsoNormal">
Já que a Terra não parou, o negócio é enfiar o pé na jaca,
pois é isto que vai acontecer entre o Natal e o Réveillon. Comes e bebes,
presentes, sorrisos amarelos ou sinceros, chás de camolila e hortelã, e a
destilaria dos comentários que encontros assim fermentam sem catalizar... Não
adianta, onde estiverem duas pessoas, uma terceira estará com a orelha ardendo.</div>
<div class="MsoNormal">
A propósito, meu menu deste ano é a maionese caseira da
mamma, risoto à moda de milão e codornas vestidas para matar (os dois últimos
sob minhas panelas e caçarolas). Uma ceia à <st1:personname productid="La Babeth" w:st="on">La Babeth</st1:personname>, com enredo Felinniano
e trilha sonora de Morricone. Comer, orar e amar (reza para mim é coisa de
religião, orar é o mais próximo que chegamos da essência).</div>
<div class="MsoNormal">
Não vou desejar nada, mesmo porque iria parecer que estou
apenas devolvendo gentilezas (já que demorei a sair da toca). Quem me conhece
sabe que quero a alegria de todos, pois adoro uma festa, principalmente à mesa.
Festeggiare con allegria.</div>
<div class="MsoNormal">
Enquanto escrevo, o brodo de carne, a base do risoto, curte
sua temperatura liberando os perfumes do bouquet garni numa ordem de cheiros
instigantes.</div>
Edman Izipettohttp://www.blogger.com/profile/03201225339941325901noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8876615401072283865.post-56455193186633530012012-03-30T23:15:00.003-03:002012-03-31T01:31:15.981-03:00Outono das caminhadas<div class="MsoNormal">O dia mal ilumina e o senhor arranca-se da cama, arrebentando as linhas imaginárias tecidas durante a noite de sonhos adolescentes e limpando o suor da preguiça que cobre e salga de névoas a sua visão já debilitada. O cajado o espera na cabeceira - extensão dos seus horizontes já visitados - tremulando nas calejadas mãos cujo tempo marcou de vincas e manchas escuras.</div><div class="MsoNormal">A fumaça do café é um eterno “flash back”, remoçando suas vontades, despertando de vez a sedução noturna do sono eterno. A caminhada até o portão é o percorrer das estações, numa roleta russa sem saber qual delas vai abrir. O ferro range, emperra e reclama, não se sabe para espantar ou atrair, mas dá a idéia de uma abertura mais pesada do que a real.</div><div class="MsoNormal">A bengala é a primeira a sair da morada, em busca do pão de cada dia, a caminhada é um sinal de vida, embora nos mesmos lugares, os cenários vão se renovando com a experiência que seus ralos cabelos brancos teimam <st1:personname productid="em revelar. O" w:st="on">em revelar. O</st1:personname> corpo esguio se curva ao peso das histórias, e cada passo é um folhear de livros de capa dura e páginas amareladas de tanto manuseio, ou esquecidas em prateleiras.</div><div class="MsoNormal">Os sapatos de bico fino com solado de couro competem com o surdo e contínuo eco da bengala, numa cadência de ruídos a 78 RPM no passeio público. É um gramofone quem cumprimenta conhecidos sem lembrança e desconhecidos rotineiros, ambos deixando dúvidas insanas numa memória já transbordando de reminiscências. Há passos de bailes lembrados em câimbras, alongados aqui e ali.</div><div class="MsoNormal">O idoso resmunga e ri, com a velocidade e sabedoria que a distância entre estas manifestações é a de uma moeda. Surfa no seu vinil, ondulando e cortando riscos, pois o caminho das pedras é seu GPS, embora ao seu redor pareça mais um lunático cambaleante e dependente.</div><div class="MsoNormal">Na metade do percurso as brumas caem, tirando as cores das referências, os sons do radar, iludindo as visões jovens a aguçadas. As calçadas e suas armadilhas não o surpreendem mais, nem assustam. Ele segue no seu tato e, dentro do seu trato, se desfaz no horizonte em busca de outra estação.</div>Edman Izipettohttp://www.blogger.com/profile/03201225339941325901noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8876615401072283865.post-91704630094093487302012-03-23T21:21:00.000-03:002012-03-23T21:21:33.258-03:00O Humor generoso e verde de ChicoHoje as piadas terão risos contidos. Ou talvez escrachadas gargalhadas. Não era intelectual, mas inteligente. Humorista sem contar piadas, ator de vestir personagens criados à sua imagem e semelhança. Chico Anysio não só resgatou os humoristas órfãos do rádio como lançou novos a sua própria sorte.<br />
E por todo este talento ganhou a geladeira da Globo. Não tinha programa na grade, e não podia tê-lo em nenhum outro canal. Fez bem Jô Soares, saiu da emissora para fazer valer seu programa, o de entrevistas, e voltou por cima. Chico prendeu-se a contratos e só não caiu no ostracismo por ter ajudado muita gente. Seu contrato vencia este ano. Mas sua saúde não resistiu. Comentou futebol, fez novela, peitou o Galvão e nunca deixou de ser Palmeirense, embora o noticiário pasteurizado da Rede Globo não vá lembrar deste detalhe, que ele próprio fez questão de ressaltar no Programa do Jô.<br />
O Jornal Nacional está cada vez mais parecendo o Jornal do Divorciado: O Bonner sem seu partner, e a Poeta sem rima esperando a hora de poder mandar. Comeram barriga na caída do Teixeira (contratos exclusivos dão nisto: comprometem) e vão comprar briga com a torcida do Palmeiras: nunca desprezem um clube de colônia.Edman Izipettohttp://www.blogger.com/profile/03201225339941325901noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8876615401072283865.post-44793623228158580272012-03-09T21:46:00.000-03:002012-03-09T21:46:18.351-03:00Copa do Mundo e outros chutesA cidade de São Paulo será uma maravilha neste ano. Sabe por que? O Serra decidiu ser candidato à prefeitura. E o nosso último imperador, lógico, depois de namorar e implodir o PT, abriu a guarda para o mestre. Explico, aquela revista que quer que você veja, mas não leia, já tem seu candidato. E a emissora que quer que você assista, mas não pense, já tem seu candidato. Prova?<br />
Hoje, a primeira notícia do pasteurizado telejornal, já foi preparando o paulistano para o pedágio. Pois se você comete o sacrilégio de comprar um automóvel, com todos os impostos embutidos que vêm junto, é para guardá-lo na garagem, como troféu, conquista de status, para usá-lo em feriado prolongado. Porque o Serra, que conseguiu impor o pedágio no Rodoanel, que era "incobrável", vai cobrar para você trabalhar diariamente. Não é praga nem profecia, vai acontecer.<br />
Por que a cidade será uma maravilha este ano? A grande mídia terá seu candidato. Eu não sei se o outros serão melhores, acho até difícil, mas fico muito preocupado quando a grande imprensa decide quem deve ser. São Paulo não é uma Leblon qualquer para ser enredo de novela. Não fomos capital de nada e província de nada. Somos o que conquistamos.Somos Bandeirantes!<br />
Principalmente pela diversidade, embora projetemos um conservadorismo maior, muito maior, que a Metrópole comporte. São Paulo é Brasil e muito além, é o voto do Brasil. O Estado de São de Paulo é conservador, mas Sampa não. Afinal, a semana de 22 foi aqui né!<br />
Para ver as prioridades da atual prefeitura, o Carnaval recebeu 25 milhões, e os estudantes das municipais, até agora, não receberam o material escolar, nem uniforme, hoje é 09 de março. Até onde eu sei, Sampa não é a cidade do Samba...<br />
Até agora ninguém me explicou porque uma cidade com o autódromo de Interlagos precisa fazer um circuito de rua para a fórmula Indy. Expliquem à Rede Globo e a prefeitura que o aceitou. Aliás, falando desta rede de televisão, porque deixam de transmitir um Santos x Internacional (aliás os dois já ganharam a libertadores) para transmitir "C" x Nacioanal. Perderam no Ibope para Boca x Fluminense, lógico, um jogo mais importante.<br />
Apenas para registrar, hoje o Globo Esporte deu uma entrevista exclusiva com Adriano, que fizeram uma força para os C... registrar na Libertadores, e à tarde o técnico filósofo do time o afastou até mesmo de um jogo do Paulistinha. Esta história de cobrir levantamento de estaca no estádio já está enchendo o saco.<br />
Chega de exclusividade, abra para todas as emissoras e as mais competentes que prevaleçam. Se o Ricardo Teixeira tem culpa no cartório, os contratos que ele assinou também estão sob júdice. Principalmente os de exclusividade.<br />
E sabe porque me sinto à vontade para falar contra o Serra? Porque sou Palmeirense. Ele é a pior coisa que aconteceria no Palmeiras se resolvesse ser Presidente. É o retrocesso. É isso que você quer para São Paulo?<br />
Sobre o quê o subsecretário da Fifa disse do Brasil, nada a comentar de um país que só sabe fazer vinho (e o faz bem feito). Mas quando tentou ser império, chafurdou na neve, e quando enfrentou uns machos, pediu guarida. História é história.Edman Izipettohttp://www.blogger.com/profile/03201225339941325901noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8876615401072283865.post-65069468961000534182012-01-18T21:38:00.000-02:002012-01-18T21:38:21.247-02:00Reality Show. Reality?<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">Resolvi sair das minhas férias – na verdade estou estudando para concurso público – porque não dá para ficar alheio, com uma pseudo-polêmica, como se isto fosse a coisa mais importante da vida (afinal, estamos no último ano da humanidade, então, #+&@-*¨</div><div class="MsoNormal"> A falta de conhecimento de história é realmente inebriante. O principal conglomerado de comunicação do país só surgiu durante a época, e aqui não é um trocadilho, do regime militar. Enquanto outras sofriam incêndios, perseguições, ela cresceu e dominou as regras até então. Tanto que se deu ao luxo de só entrar nas diretas já quando não tinha mais jeito. Boicotou até o limite do ibope. Ela e um jornal centenário que se diz guardião da democracia.</div><div class="MsoNormal"> Mas quem nasce torto... tentou direcionar as eleições. Primeiro no estado em que é base, depois em nível nacional. Forçou a barra contra Leonel Brizola, e depois contra Lula. Ajudou a eleger Collor. Fez uma força para eleger o Serra. Isto está na história, basta ler os jornais da época, não estou inventando ou deturpando nada. Ainda hoje, privilegia dois times de futebol no país, basta ver as transmissões, no que deveria corrigir a denominação de jornalismo esportivo para marketing esportivo. Esquece que as maiores torcidas não somam a maioria.</div><div class="MsoNormal"> Uma coisa é a vulgaridade em histórias fictícias, outras em supostos reality shows. Confinar pessoas comuns com a promessa de um prêmio vultoso, liberar bebidas e esperar o quê? Hoje qualquer espirro sai no youtube, não poderia ser diferente. E é só por isso que um participante foi eliminado, fez barulho, causou protestos e houve intervenção da justiça. Ela, a empresa, teve que ceder.</div><div class="MsoNormal"> Uma implosão <st1:personname productid="em São Paulo" w:st="on">em São Paulo</st1:personname>, ao custo de três milhões de reais, que não implodiu; uma obra do governo do estado de São Paulo que veio a baixo com uma morte; a constatação que nada foi feito com o dinheiro público na serra fluminense, após o maior desastre natural do país; a seca nas áreas mais produtivas no sul do país, sem respaldo; o escândalo da farra do dinheiro, sem fiscalização, no judiciário. Isto é importante. Se dois bêbados transaram ou não, realmente, não me diz respeito.</div><div class="MsoNormal"> Mesmo com o sorriso amarelo daquele que já foi um jornalista na vida, mas se submeteu e, além disto, escreveu um bibliografia puxando o saco do patrão, esquecendo todos os princípios históricos que nortearam a vida do empresário, e que servem de base para verdadeiros jornalistas. Não me interessam. Lamento ter que percorrer uma avenida, na minha cidade, com o nome dele. Há pessoas mais importantes e verdadeiras que merecem nomear um logradouro, ainda mais na massa cinzenta deste país.</div><div class="MsoNormal"> Lamento quem assiste ao “grande” jornal e lê a “grande” revista. Esta última, li pasmo o editorial de final de ano, quando o herdeiro mandatário, que só o é por herança, reclama que não basta à presidenta demitir ministros, mas consertar a máquina. E ele, que apenas afasta os últimos, a massa de trabalhadores que hoje não precisa mais de diplomas, e mantêm os mesmos antigos e caquéticos no topo do editorial (não dá para respeitar uma publicação que elegeu o Último Imperador como político do ano).</div>Edman Izipettohttp://www.blogger.com/profile/03201225339941325901noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8876615401072283865.post-42274666794281829292011-12-31T15:07:00.000-02:002011-12-31T15:07:22.745-02:00Caminhando para 2012<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Às portas do último ano da humanidade – vou provar que os Maias estão certos – é curioso observar como as pessoas ficam mais afáveis nesta época do ano, desde que não sejam aquelas chatas que resolvem fazer despesa do mês hoje, ou pagar conta na fila da casa lotérica, onde a maioria sonha com a Mega da virada, virada de plano, de calendário, de taça...</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Primeiro a caminhada pelo sobe e desce do meu bairro, com poucos carros pelas ruas, mas muita gente no portão lavando a sujeira de um ano inteiro para começar o novo zerado. Vizinhos que não se cumprimentam o ano todo trocam notícias, receitas ou disputam vantagens. Crianças entram no jogo ao comparar seus brinquedos, que o Noel que não tem preço (mas para todas as outras coisas sim) lhes deixou sob a árvore de plástico com pisca led.</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Eu sou do tempo de cumprimentar as pessoas, pedir por favor, e outras atitudes dinossáuricas, que o meteoro da tecnologia e modernidade está extinguindo. Falando o português claro, esta geração é bem da mal educada. Mas eu não dei conta de retribuir tantos sorrisos e felicitações das pessoas que conheço de vista, e das que nunca vi mais gordas. E olha que meu bairro é peso pesado.</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>E por falar em balança, o delicioso aroma de assados torna a caminhada em prol da saúde um passeio pelas delícias da gula, inundando minha boca de água, em que pese, sem trocadilho, a garoa que chora pelos lados da Serra do Mar. Cheiros de temperos, carnes e perfumes de flores comestíveis, que se misturam neste ritual de passagem. Dá para fazer um seriado de Babet’s party.</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>São Silvestre já está no alongamento, mas sabemos todos que os quenianos devem ganhar mais uma. Fugir de gueopardos lhes dá o condicionamento necessário para tanto. Nossa onça não é lá muita adepta de corridas, preferindo a tocaia e o bote certeiro. Não sei por que deram ao leão a representação do imposto de renda, nosso felino seria muito mais apropriado.</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>E 2012 vai ter muitos feriados prolongados. Um político do Olimpo de Brasília está com a idéia fixa de transferir, numa canetada, estas datas que caem no meio da semana, para segunda-feira, e assim evitar a emenda “meia nove”. Porque o País não pode parar... Para ilustríssimo, trabalho é apertar parafuso ou digitar números, esquecendo que a única coisa que para nestes feriadões é o trânsito das estradas.</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>As cidades turísticas e a indústria do entretenimento, nos delírios cerebrais do preocupadíssimo representante do povo, não entram na estatística do PIB, e os trabalhadores só devem descansar ou passear nas suas férias anuais. Lembremos que a semana deles, políticos, é de terça a quinta, com dois recessos por ano, fora as fugidas para Carnaval, festas juninas e eleições, sem nenhum prejuízo das gordas remunerações a que se deram ao direito.</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O ano que chega é bissexto, teremos um dia a mais para comemorar o gnocchi da sorte, 29 de fevereiro, e no primeiro dia entra a Lua crescente. Os moradores de Juazeiro, na Bahia, e Petrolina, em Pernambuco, por conta do horário de verão, vão ter duas festas de réveillon separadas apenas pelo Rio São Francisco. E por que o mundo acaba em 2012?</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Os brasileiros são os que mais gastam nos EUA, <personname productid="em New York" w:st="on">em New York</personname> já tem até informações turísticas <personname productid="em português. Os" w:st="on">em português. Os</personname> pop stars não estão mais esperando a aposentadoria para se apresentar por aqui. O time da marginal sem número, em vias de assentamento para a última estação do metrô, disputará a terceira Libertadores seguida, recorde em 100 anos. O FMI pediu grana emprestada para nós. A China vai liberar visitações na cidade proibida. O El Niño já está chegando à adolescência. As psicografias já podem ser feitas por Ipods (deve ser coisa do Jobs, ele não descansa).</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">Edman Izipetto</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">Um ótimo 2012 para todos, espero estar junto até o fim dos tempos.</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">31/12/2011</div>Edman Izipettohttp://www.blogger.com/profile/03201225339941325901noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8876615401072283865.post-34354746345061743132011-12-29T01:35:00.000-02:002011-12-29T01:35:03.691-02:00Entre as festas<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>É como a quarentena no deserto do ócio. Os sete dias que separam o Natal do Réveillon são um suplício para quem está trabalhando, para quem não está, e para quem precisa que os outros trabalhem.</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Você que ganhou o prêmio de funcionário do mês, não podia dizer não ao chefe. Realmente é um reconhecimento e tanto vir sozinho nesta semana morna, mas você está com a honra de ficar com a chave, abrir o escritório, sempre pode haver uma correspondência importante. E não tem trânsito mesmo, mas o que importa isto se para você o ônibus não vem vazio e demora mais para passar, pois os donos da empresa também acham que ninguém trabalha nesta semana. E vai comer resto do Natal porque os restaurantes entraram em férias coletivas.</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>E você, que pensou que ia botar bermuda e chinelo de dedo, tua parceira já fechou toda a sua agenda. Primeiro os consertos: torneiras pingando, chuveiro espirrando, chave elétrica caindo, telhas trincadas, se bobear vai querer pintar a casa toda... E você, dentro da ressaca normal desta semana, com toda aquela vontade de quem não acordou ainda, vai procurar a caixa de ferramentas para evitar curto circuito <personname productid="em casa. E" w:st="on">em casa. E</personname> num misto de alegria contida em euforia, descobre que teu cunhado levou tuas melhores ferramentas e os acessórios para pequenos consertos.</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>É a deixa para sair de casa, quebrar a rotina que você não projetou e, quem sabe, encontrar um conhecido para uma conversa de tremoços e cerveja. Mas a clarividência feminina é infalível. Ela vem com uma lista pronta de supermercado, já que você vai sair, já que vai tirar o cartão do bolso, já que... Você faz qualquer coisa para conseguir um álibi. Na tua cabeça, compra o mínimo no comércio local e tira o resto do dia para vadiar.</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O comércio local está aproveitando a semana para reformar. Acreditando que é só no seu bairro, vai ao próximo e é a mesma coisa. Agora você entende um pouco o que quer dizer crescimento econômico. A contra gosto, segue para um centro de compras mais complexo e já começa a sentir o drama na entrada, com fila para estacionar – quero minha semana de folga – e os apressadinhos querendo lhe furar a vez. O Natal já não passou?</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Acha que era só para trocar presentes? Parece que todos resolveram praticar bricolagem. Precisou disputar o último rolo de veda rosca, a fita isolante teve que ser Pink e as ferramentas, bendito cunhado, só havia os conjuntos completos, caríssimos e fora de questão por hora. A meia dúzia de telhas vai ter que esperar, muito embora o vendedor tenha lhe tentado empurrar outro modelo garantindo que dava certo.</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Seu primeiro dia de folga já está anoitecendo, você não almoçou e ainda tem que encarar o supermercado. Os caixas estão com filas intermináveis, com famílias inteiras se abastecendo para seguir viagem. A praça de alimentação parece um acampamento de desabrigados, com restos de embalagens e marcas de mostarda e catchup entre os banquinhos. </div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.4pt;">Vai no balcão mesmo, entre tapas e resmungos consegue pedir um chope e um pastel “frito na hora” que a atendente retira da vitrine aquecida. Massa emborrachada (daria um ótimo veda rosca) e a bebida, morna, choca e quase transparente. Será que se eu pedir um café ele virá gelado? Que o Réveillon chegue logo para tudo voltar ao normal, eu pegando trânsito para apenas ir trabalhar.</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.4pt;">Edman Izipetto</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-indent: 35.4pt;">29/12/11</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><br />
</div>Edman Izipettohttp://www.blogger.com/profile/03201225339941325901noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8876615401072283865.post-25451863331895211002011-12-24T09:33:00.004-02:002011-12-24T09:59:26.574-02:00O último Natal da humanidade...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghlDpWoZ5Zxq7-r0k0_DvgafPNBPcfDHDD5PMWgDjqwfLiu8LT7mUUQJe-juxmWRWNIlfcCxIb1vcAM4M_dg30Jtav9yx1dnkXnbJ1XUhiT-cQ0g0Q5jFB11ZlE2WtURvJc6CUBIVmcgkY/s1600/Imag0011.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240px" rea="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghlDpWoZ5Zxq7-r0k0_DvgafPNBPcfDHDD5PMWgDjqwfLiu8LT7mUUQJe-juxmWRWNIlfcCxIb1vcAM4M_dg30Jtav9yx1dnkXnbJ1XUhiT-cQ0g0Q5jFB11ZlE2WtURvJc6CUBIVmcgkY/s320/Imag0011.jpg" width="320px" /></a></div>... do ano de 2011 começa hoje.<br />
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<div style="text-align: justify;">Tem muita gente que gosta, algumas se entristecem e poucas, muito</div><div style="text-align: justify;">poucas, detestam. Assim como não se explica a euforia, o oposto também</div><div style="text-align: justify;">não tem razão. A única verdade do Natal é que era uma festa pagã</div><div style="text-align: justify;">ligada ao sostício de inverno, quando as noites são mais longas no</div><div style="text-align: justify;">hemisfério norte, daí a tradição de se enfeitar de luzes, comer</div><div style="text-align: justify;">exageradamente e botar o pé no barril (lá não tem jaca, a jaca é</div><div style="text-align: justify;">nossa).</div><div style="text-align: justify;">A igreja tentou combater o "paganismo" e se apropriou da data,</div><div style="text-align: justify;">inventando o nascimento de Jesus próximo ao sostício; é o pegaram para</div><div style="text-align: justify;">Cristo porque não há registros que garantam que ele tenha nascido</div><div style="text-align: justify;">neste ou em qualquer outro dia. Tanto que a crucificação não tem dia</div><div style="text-align: justify;">certo, é uma sexta-feira...Mas a idéia da Igreja não deu muito certo</div><div style="text-align: justify;">e, quando houve a reforma protestante, a idéia de Natal foi abolida.</div><div style="text-align: justify;">Hoje temos uma festa pagã com princípios cristãos, porque nesta época</div><div style="text-align: justify;">é que ocorrem grandes manifestações de amor ao próximo e distribuição</div><div style="text-align: justify;">de presentes. Aliás, o Noel é uma invenção de dois novaiorquinos, lá</div><div style="text-align: justify;">pelos tempos da revolução industrial. Os protestantes da nova</div><div style="text-align: justify;">Inglaterra, sabendo da origem das festas Natalinas, tentaram proibi-la</div><div style="text-align: justify;">da colônia. Não sei os nomes, mas um inventou a história de St Klaus,</div><div style="text-align: justify;">com a distribuição de presentes (um papa de nome Nicolau tinha o</div><div style="text-align: justify;">costume de presentear), principalmente porque criança antes não era</div><div style="text-align: justify;">vista como tal, e sim como mão de obra barata, e outro, ilustrador,</div><div style="text-align: justify;">desenhou o Noel como o vemos hoje, e foi o mesmo ilustrador que criou</div><div style="text-align: justify;">a figura do Tio San e os bichos dos dois partidos políticos de lá.</div><div style="text-align: justify;">Hoje Noel é mais lembrado que a pseudo data natalina, mas ainda bem</div><div style="text-align: justify;">que os princípios pagãos persistiram, porque ia ser muito chato jejuar</div><div style="text-align: justify;">num dia como este.</div><div style="text-align: justify;">E para nós, aqui no hemisfério sul dos trópicos, é verão, os dias são</div><div style="text-align: justify;">mais longos que as noites, no máximo cai granizo e nossa lenda mais</div><div style="text-align: justify;">apropriada seria um saci, apenas de sunga, escondendo presentes aqui e</div><div style="text-align: justify;">acolá. E temos jaca para poder por o pé, já que, segundo os Maias,</div><div style="text-align: justify;">este é o último Natal da humanidade.</div><br />
<div style="text-align: justify;">Ho, Ho, Ho, Feliz Natal, e sigo na minha canoa puxada por oito botos cor-de-rosa</div>Edman Izipettohttp://www.blogger.com/profile/03201225339941325901noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8876615401072283865.post-70020701071471273962011-12-11T00:08:00.000-02:002011-12-11T00:08:01.133-02:00Prós e contras de ir à GonçalvesLugares “novos” sempre atiçam, e quando estão na moda então...parece que você não tomou banho se desconhecer o lugar, e aparece tatuado na testa que “não estive lá”. Mas estamos em outros tempos, politicamente corretos ou não, você não pode simplesmente ir a um lugar, tem que participar.<br />
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Caso você seja um predador da natureza, isto mesmo, predador, não vá à Gonçalves, Minas Gerais, Sul. Lá é uma das últimas reminiscências das florestas de araucárias do mundo, se você não souber o que a última frase quis dizer, estude uns 6 anos antes de ir...<br />
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Mas não é só isso. Lá também tem resquícios de mata atlântica de altitude. PQP, o que é isto? Não é mato que tenha atitude É a Mata Atlântica que, inicialmente os portugueses, e depois os brasilianos, dizimaram, mas que é a responsável de quase toda a água que brota em solo brasileiro. Acreditem, a água é o petróleo de amanhã...<br />
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Voltemos ao turista pret a port. Você recicla seu lixo? Você usa seu carro racionalmente? Sabe o que é usar o carro racionalmente? Você escuta o seu som de maneira que ninguém saiba teu péssimo gosto? Você deixa rastros de plásticos por onde anda? Você carrega suas neuras na bagagem da sua SUV? Vá para a PQP, mas não para Gonçalves...<br />
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Porque lá ainda existem olhos d’água. E águas não brotam de calçamentos ou pastos, brotam de florestas. Daquelas bem antigas, de meio metro de folhas secas se decompondo no seu tempo de existir. Nem antes, nem depois.<br />
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Deixe suas grifes na cidade, dispa-se de seus preconceitos. Gonçalves acolhe as diferenças, de altitude, de atitude, de desafenças. Não há espaço para radicalismos em Gonçalves, porque a natureza engole naturalmente o que é demais em suas névoas eternas e intangíveis, silenciosamente.<br />
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Por favor, não leve seu som, seja ele 78 rpm ou MP3. Harmonize-se com o pio do gavião, a fanfarra dos periquitos ou a algazarra das siriemas. Se quiser ouvir barulho, continue onde está, não se desperdice subindo a serra porque os melhores lugares de ouvir o que você consegue estão ai, onde você está. Aqui o silêncio é uma ópera...<br />
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E se você é daqueles que come qualquer coisa, continue onde está. Não saberá apreciar os Sabores da Mantiqueira, não entenderá a proposta da Kitanda, não pensará o que é degustar os pratos do Chiquinho, do Toninho ou da Vilma, ou o risoto de pinhão do Demeter na Roça. Ou a prosa etílica no Bar do Marcelo. Tem mais coisa, lógico que tem, você achou que eu ia entregar o tabuleiro de mão beijada? Tem a feira dos Orgânicos da Mantiqueira, aos sábados, a partir das 8h.<br />
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Se você quer consumir, vá para outro lugar, se quiser evoluir, vá para Gonçalves.Edman Izipettohttp://www.blogger.com/profile/03201225339941325901noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8876615401072283865.post-80433681497535180352011-09-30T20:58:00.000-03:002011-09-30T20:58:45.081-03:00CarroceirosA negra de cabelos desgrenhados, devidamente contidos por um lenço vinho com flores coloridas, vai rebocando sua carroça de eixo único, lotada de quinquilharias, papelão e peças garimpadas aqui e acolá, no que pode ser sua casa cor. Um cachorro pequeno, branco encardido, amarrado com fio elétrico - no que a senhora teve o cuidado de deixar o plug balançando na pseudo coleira como um enfeite - caminha ao lado, atento a todo o movimento. No meio fio, ignora a buzina dos automóveis, que na rua estreita espremem-se para fugir ao intruso meio de transporte.<br />
Na calçada invadida de mesinhas, grupos se reúnem à mesa do bar, contando histórias da PanAm e da primeira Coca-Cola que tomaram, no jogo que não decidiu nada para suas vidas, nas fofocas sobre a chefia e o próprio trabalho, que é sempre impecável, e na falta de grana para todas as outras coisas que não seja a cerveja de uma sexta-feira à noite. A vida é um moinho, que processa o malte, o levedo e o lúpulo, fermentando idéias e ideais de uma vida perfeita.<br />
A senhora da carroça, vestida de um surrado vestido amarelo canário que lhe cobre até as coxas, estas cobertas com um jeans repleto de manchas escuras, caminha descalça entre a calçada e a rua frenética de faróis e piscas, não se importando com os sinais de baixo calão dos motociclistas, que são obrigados a diminuir e desviar sua corrida. O cachorro não late, apenas alterna o movimento do rabo como se estivesse de prontidão, apto a defender sua protetora.<br />
Cansada, ela pára em frente a um dos barzinhos. Um grupo de afrouxados engravatados, cujas camisas têm suas mangas arriadas, começa a zombar da mulher, com a coragem etílica própria dos imbecís. Outro grupo do mesmo espaço pede que parem com a troça, no que o restante do bar concorda, em coro, e como uma injeção de glicose, os idiotas vestidos anti-socialmente são obrigados a recolher e engolir, aos goles, o palavreado totalmente covarde e demodé.<br />
Os que haviam defendido a carroceira inicialmente pegam a porção de fritas, recém entregue à mesa, e a oferecem à mulher que não recusa. Come uma a uma, numa elegância sem miséria, sempre dividindo com o cão que, feliz, fica de pé sem latir. Um mulato esquálido e altivo, carregando uma jaqueta cheia de buracos, se aproxima. Retira da vestimenta um botão murcho de rosa vermelha e o entrega à mulher. Ela sorri, um sorriso alvo de quem aceitou o mimo e divide as batatas com o galanteador. Os freqüentadores do bar aplaudem, até os ignorantes que já pediram a conta, talvez tomados de vergonhosa ressaca.<br />
O casal segue, ele toma os estribos da carroça, ela fica ao seu lado, e sob uma Lua crescente que sorri amarela, vão se tornar invisíveis aos olhares e luzes da cidade grande...<br />
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Edman Izipetto<br />
30/09/2011<br />
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Esta é uma obra de ficção, que sinceramente gostaria que não houvesse qualquer semelhança ou coincidência com pessoas ou a vida real.Edman Izipettohttp://www.blogger.com/profile/03201225339941325901noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8876615401072283865.post-50087930590496806002011-09-23T21:43:00.000-03:002011-09-23T21:43:01.040-03:00Tá chovendo satéliteUm satélite em desuso desde 1985 - estamos cercados de lixo cósmico - está caindo, do tamanho de um micro ônibus, esta noite. Quem o lançou só tem uma certeza: não vai ser na América do Norte. Maravilha, realmente somos o quintal. A chance de acertar uma pessoa é de "apenas" uma em 3.200! Eu estaria preocupado porque esta estatística não existe em nenhuma loteria. Mas se este coletivo transgênico vir abaixo no Brasil o que pode acontecer?<br />
Caso ele der a falta de sorte de se esparramar em Sampa, vai levar multa de um marronzinho, que se estiver muito perto vai ficar chamuscadinho. Se a placa da NASA terminar em 9 ou 0, multa por desrespeitar o rodízio. Se estrebuchar dentro da área limítrofe dos coletivos particulares, multa. Ele pode aterrizar nas marginais, vai demorar para ser guinchado. Se cair na Rodovia dos Imigrantes será depenado e a CIA não vai achar um só parafuso. E se for no Rodoanel Sul ninguém vai saber, o satélite que está funcionando não vai localizar. Mas o último imperador já proibiu a queda de satélites na capital paulista...<br />
Ele pode desmilinguir nos pampas e aí vai ser um belo Fogo de Chão. Se baixarrr na cidade maravilhosa será sequesstrado. E em Salvador, vixe, vai levá uma s e m a n a prá despencá, a tempo de Ivete ou Leite programá um rala coxa cheio di axé. Pode ser que ele chegue em alguma estação das Minas, ô treim bão piquinininho, cheio de ardentura para dourar a pururuca. No Ceará vai ser um aviso de Padim Cícero, e uma romaria vai rezar em torno daqueles ferros em brasa.<br />
Mas ele pode aportar em Parintins onde é garantido que, caprichosamente, as águas do Tapajós irão apagar qualquer incêndio. E se for em Belém vai ter que ver o peso para valer alguma coisa. Ele pode abrir uma cratera em Foz do Iguaçu ou misturar as cores do Negro e Solimões. Em Brasília, não, hoje é sexta-feira, não acertaria quem deveria ser acertado.<br />
Ele pode fulminar a capital do Brasil, pode estar até programado para isto, aí não precisa ficar preocupado, quem mora em Buenos Aires é que deve por os alfajores de molho (não esqueça que o trambolho é americano e a maioria falta nas aulas de geografia).Edman Izipettohttp://www.blogger.com/profile/03201225339941325901noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8876615401072283865.post-45706435371552321162011-09-21T00:18:00.000-03:002011-09-21T00:18:10.129-03:00Classe MedievalO cenário econômico está preocupante, principalmente porque os especuladores sabem aproveitar muito bem este momento. Cabe a nós, mortais, cuidar muito bem do nosso rico e suado dinheirinho. Não, não vou ensinar ninguém a transmutar chumbo em ouro, pois se soubesse estaria escrevendo este blog da Toscana ou da Provence, não da Serra do Mar...<br />
A primeira coisa a se fazer é não ficar repetindo a toda hora que há uma crise no ar. Existe uma fábula, que os motivadores adoram contar nos workshops, que o cara não sabia que havia uma crise porque estava ocupado demais trabalhando. Isto é de grande serventia aos patrões, mas você que é empregado sabe muito bem quando o mês acaba antes no saldo bancário. Você já sabe, faz supermercado, de alguma maneira se informa. Então use a informação para se precaver, não vai adiantar nada criticar o governo, jogar a culpa disto lá em Brasília - não que eles não sejam responsáveis também, mas lembre disto nas eleições - porque o rombo é mais em cima, é global para ser exato. Converse sobre soluções, a crise geralmente não gosta que a desafiem e vira marola.<br />
Não saia por aí comprando importado mais barato. Você está resolvendo o problema de outro país, e se continuar a fazer isto amanhã você vai ser demitido, a não ser que trabalhe no ramo de importação. É meu caro, quando não há venda, a primeira coisa que acontece é o trabalhador perder o emprego, justo ou não, com MBA ou fluente em cinco idiomas, você vai para o olho da rua, tenha ou não dívidas. É o capitalismo ô meu!<br />
Dívidas. Como a classe média adora uma prestação. Parcela tudo como se a própria vida fosse infinita. Acredito que financiar um imóvel seja necessário, um automóvel talvez, mas bens de consumo? Basta fazer as contas e ver o quanto de juro é pago nestas tantas vezes sem acréscimos. Balela, junte a grana e compre à vista com desconto. Pagou é teu e te dá liberdade para demitir teu patrão quando assim o desejar.<br />
Agora, mais do que se endividar, é fazê-lo em dólar. Desculpe, mas é falta de inteligência mesmo. Quem pode garantir que a paridade vai continuar assim tão favorável. Pois é, ninguém garante e agora José, o dólar subiu, tua dívida também, mas você recebe em Real. Sabe o que as administratoras vão fazer? Cobrar, e se você parcelar o cartão, além de tudo, vai pagar juros de 200% ao ano porque trouxe aquele monte de bugigangas de Miami. Você contribuiu para o Tio San sair do huricane que se meteu e caiu na vossoroca dos maleteiros (maleteiro é o sacoleiro com grife).<br />
E a invasão de produtos chineses. Você já se perguntou a custa de quê estes produtos são tão baratos? Você sabe que lá ainda executam quem se opõe ao regime? E ainda cobram as balas do fuzilamento da família do suposto opositor. Sem julgamento, sem a media internacional se incomodar, sem embargo da ONU. E sabe o que acontece com o segundo filho se for mulher? Se ela escapar da morte, ela não existe... É isto mesmo, não tem identidade, não tem família, não tem tem direitos e, se não cair na prostituição, vai ser mão de obra escrava dos produtos que você compra baratinho. Desde os pisca-pisca de Natal, que não duram até o Reveillon, passando pelos tecidos que duram uma estação, e, quem sabe, estes automóveis que a classe média correu para comprar antes do aumento de imposto. Tudo isto em detrimento do nosso emprego que, bem ou mal, paga impostos e tem lei protegendo.<br />
Eu não fui para a China para saber destas informações. Elas estão na imprensa, de maneira homeopática, entre um índice de IGPM e um gol.<br />
Em tempo: como pode um país com pouco mais de 500 anos de história vetar a aceitação de um estado, cujo povo existe desde os primórdios da civilização. Viva a Palestina, viva o Estado de Israel e vamos parar com esta richa de irmãos, afinal não são todos filhos de Abrão?Edman Izipettohttp://www.blogger.com/profile/03201225339941325901noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8876615401072283865.post-54037434595671479672011-09-16T00:31:00.000-03:002011-09-16T00:31:48.701-03:00Caixa rápidoA fila de carrinhos serpenteia entre pacotes de frituras, chocolates, plásticos e revistas de fofocas. No alto-falante uma voz chata - entre um locutor esportivo e um vendedor de jeans da Rua Direita - anuncia a promoção "imperdível" do ano, autorizada somente àquela unidade em todo o país, apenas 8 objetos do desejo, "você pára tudo o que estiver fazendo e corra até a entrada para pegar a senha...", e ele repete, a cada minuto, em contagem regressiva, durante eternos 5 minutos, a mesma ladainha consumista, deixando cartões de crédito, débito e cheques pré-datadas em estado de excitação extrema, piscando e dando choques nos bolsos e carteiras dos incautos.<br />
Na Babel da espera, tem gente com um único pacote na mão, alguns com um cestinho pesado, outros com carrinhos pequenos e muitos com as compras divididas entre os familiares. Um grupo de adolescentes carrega latinhas de cerveja, ainda em seus plásticos, destilados e muito refrigerante escuro, desafiando o locutor entoando sambas de cama, mesa e banho, com seus cortes de cabelo bancário e gírias que necessitam de tecla sap para entendimento. As meninas deste grupo carregam muito amendoim e vão despejando os sacos de chips que encontram no caminho, todas segurando em uma das mãos o celular à espera de uma mensagem (ou de um milagre?).<br />
A morena esguia esboça um sorriso, após o idoso atrás dela comentar alguma coisa, e deixa revelar as belas covinhas que até então seu rosto não mostrava. Cinco latas de leite em pó, três pacotes de absorvente, uma lasanha pequena congelada, uma latinha de suco de uva e um vaso de crisântemos foi o que a fez encarar meia hora de fila ao som do locutor que, finalmente, anunciou a LCD de 42" por apenas um valor estrambólico. Alguém muito mal informado sobre preços apareceu no fim da fila com duas caixas da fantasiosa promoção.<br />
Algumas pessoas a frente, o que parece ser a esposa descasca a reputação do que pode ser o marido, porque não queria ter parado ali, estava perdendo os últimos capítulos da novela, que a mãe dele bem que poderia vir visitá-los no 13º mês, que para a mãe dela ele não fazia tudo isso (discos de pizza pronta do próprio supermercado), que a casa não estava em ordem e a sogra ia reparar, que achava que a filha não era mais virgem, que o filho escutava umas músicas estranhas e a vizinha era fofoqueira e falava muito mal do marido...<br />
Em outra ponta, uma criança dentro do carrinho degusta e se lambuza do que deveria ser a sobremesa do jovem casal, ele de terno escuro, camisa azul marinho e gravata vermelha e ela de saia até as canelas, camisa branca com renda e cabelos compridos enrolados em um coque por trás da cabeça. Mais atrás uma família de peso carrega dois potes de sorvete, pacotes de casquinha, coberturas de chocolate e caramelo, chantily e refrigerante diet. O filho negocia com o pai a presença ou não de alguns amigos, no que parece que as notas do garoto não lhe dão argumento. A filha, caçula da família, tem as bochecas vermelhas e um brilho nos olhos de quem não vê a hora de provar a iguaria.<br />
Discretissimo, o malhado e bombado segurança de boate ou lutador de MMA, vigia sua garrafa de vinho tinto suave, pão, ovos e embutidos, e parece não se importar com a atenção que desperta sua parceira, visivelmente oxigenada e bem dotada, apesar da baixa estatura, principalmente por vestir um justissimo short de jeans, digno de dançarina de funk, contrariando a temperatura de 11°, muito interessada nas revistas sobre celebridades. Agora entendo porque alguns idosos abriram mão de sua fila preferencial.<br />
Após 40 minutos chega minha vez. Mal coloco os produtos na esteira e a caixa, acho que com uma pontinha de ironia, avisa que "caiu o sistema". Pergunto se não dá para anotar na caderneta, ela não entende minha piada, já nasceu sob a leitura do código de barras. Explico que antigamente...o tal do sistema não volta e resolvo abandonar a compra, a morena, a loira e os sorvetes para outro dia.Edman Izipettohttp://www.blogger.com/profile/03201225339941325901noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8876615401072283865.post-45890535714383925482011-08-27T22:12:00.000-03:002011-08-27T22:12:09.256-03:00Lembranças da Serra GaúchaEu tive a sorte de trabalhar no Guia 4 Rodas, e a competência de permanecer lá por 10 anos, e uma das viagens que fiz está marcada até hoje na minha memória. Foi na região da Serra e Vinho Gaúchos, onde encontrei muitos descendentes, como eu, de imigrantes italianos, além de oriundos da Alemanha. Devo ter engordado uns cinco quilos (estou sendo condescendente...) neste "trabalho".<br />
Aterrizar em Porto Alegre, por mais que os colegas tenham me antecipado, é uma beleza só. Como gaúcha é bonita, Dio mio, quanta ragazza, barbaridade tchê. Carro alugado, mas que sotaque agradável, e vou eu rumo ao destino embriagante e pantagruélico. Apesar de ir para uma região onde o frio é o atrativo, era verão quando lá estive.<br />
Não pretendo citar lugares, mas passagens, e minha primeira refeição foi uma colonial: pães, queijos, embutidos e outras iguarias, com um ótimo vinho nacional que até então eu desconhecia. Após madrugar para pegar o vôo, toda a agitação para chegar à primeira cidade, uma refeição destas é para premiar, já que tudo é feito pela família, não havia nada industrial. Fui dormir satisfeito...<br />
Fui bem cuidadoso no farto café da manhã, já que iria visitar cantinas e, degustar vinhos. Em umas dessas visitas, eu estava sozinho e uma bela guria de olhos turqueza, loira e com a cor de camarão por ter tomado muito sol no fim de semana, atendeu-me com um sorriso prá lá de tri legal. Ela inverteu os papéis, me fuzilou de olhares e perguntas, queria saber como era São Paulo, como era meu trabalho, como eu era... Ela falava comigo entre uma uva e outra, de uma bandeja com vários cachos de niágara, e colocava maliciosamente as uvas entre os lábios antes de sorvê-las. Até que centralizou aquele olhar de horizonte mar e céu e me perguntou: Tu queres um bago guri?<br />
Café Colonial, vá a pé de Porto Alegre até a Serra antes de encarar um, assim não haverá remorso e você vai poder experimentar tudo, embutidos, queijos, tortinhas salgadas e doces, patês e geléias, pães, bolos, frutas, doces e, claro, café com leite ou chá. Imagine uma mesa dessas para um viajante solitário e que não foge à labuta do trabalho diário e estafante... Santo Dio<br />
No meio deste tempo atemporal, sabia que era um domingo e estava na área rural, transitando por entre parreiras e estradas de terra, parecia a Toscana, até que vi uma idosa, toda vestida para missa, caminhando sozinha em meio à poeira. Parei o carro e ofereci carona - apesar de vestir preto, tinha o rosto enrugado bem maquiado - no que ela me perguntou, com sotaque: Di qui famiglia oste é? Eu respondi, Izipettô, e a senhora entrou no carro e foi comigo até uma igreja, uns três quilômetros adiante, sem proferir uma palavra sequer, apenas um obrigado quando saiu. O sino tocava quando chegamos, acho que ela já estava atrasada e Felinni gostaria desta cena...<br />
Restaurante de Galetos: Capeletti in Brodo, radicci com toucinho, polenta frita ou de forno recheada com muzzarela, galeto assado, maionese, massas e sobremesas. Para comer sem pressa e sem culpa, basta escalar o Itaimbezinho e tudo volta ao normal. Felicitá...<br />
Não sei se ainda existe, mas quando estive por lá a Adega Medieval, em Viamão, era uma referência de vinho artesanal. Fui atendido pelo próprio Oscar Gugliomoni (desculpem se não acertei a grafia), que não só me mostrou seus tonéis, como dividimos um branco antes do almoço, e um tinto durante, que foi arroz, feijão, abóbora e cochas de frango. Um apaixonado por vinhos e responsável por este autor também gostar de taças e rótulos. Anos mais tarde soube que morreu assassinado, um desperdício...<br />
Eu lotei duas caixas de isopor, grandes, com garrafas que fui comprando aqui e ali, por não encontrá-las em São Paulo. Na volta quis o destino que eu pegasse um vôo que vinha de Buenos Aires, além de poder passar no Free Shopping, tive que me explicar na Receita Federal o que iria fazer com tantas garrafas. Quando a auditora, que não tinha os mesmos dotes das gaúchas, viu que eram vinhos brasileiros, mandou eu passar, não sem lançar a pergunta: o que você vai fazer com tanto vinho? Degustá-los...Edman Izipettohttp://www.blogger.com/profile/03201225339941325901noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8876615401072283865.post-55875669191497627832011-08-25T02:11:00.000-03:002011-08-25T02:11:06.728-03:00Aromas de conversaHoje saí da toca para entregar os pães, todos que fiz na penúltima fornada estão agora cumprindo seu destino, o que é ótimo e me permitiu relevar o trânsito de São Paulo no roteiro São Bernardo do Campo, Jardim da Saúde, Belém, Cerqueira César e Pirituba, radiador esquentando, luz de óleo acendendo, gasolina no raspo do tacho e o rodízio limitando meu tempo e tornando a aventura mais emocionante: cruzei a marginal Tietê exatamente às 17 horas em direção à última entrega e uma grande surpresa.<br />
Satye Yada, terapeuta holística - cujo blog está na lista ao lado - eu conhecia apenas de vista, quando ambos trabalhamos na Movie&Art Produções Cinematográficas (merchand gratuíto porque gostei de trabalhar lá, sou grato) e depois no Facebook. Ela pediu o pão pelas fotos que postei ontem, não conhecia meu lado alquímico nem eu fazia idéia da terapia dela. O trabalho convencional limita a nossa vida, nos faz perder momentos preciosos, como uma conversa sem os receios de estar dando munição a um adversário, que é o que acontece no mundo competitivo de hoje.<br />
Eu levei o pão e ganhei uma padaria de conhecimento. Fui brindado sobre aromaterapia (e não vou contar detalhes porque isto é uma ciência, precisa estudar muito para poder falar e quem quiser eu indico a Satye e você agenda uma consulta). E conversa vai, conversa vem, e dá uma cheiradinha aqui, uma explicação, uma interpretação e fui convidado para jantar...<br />
Ofereci ajuda no que Satye transmutou-se em bushi, pude até vê-la vestida de o-yoroi e respondendo que se eu tentasse ajudá-la, na cozinha dela, ela faria uso da katana samurai e sssffficth (é, bem no lugar que você deve ter imaginado). Contentei-me em lavar a louça e quanto a isso não corri nenhum risco de mutilação...<br />
De uma frigideira alta, cubos de frango, maçã, repolho rasgado, um cheiro de alecrim e óleo de gergelim no final, acompanhados de molho, criação dela, a base de missô, shoyo, sakê, açucar, alho e gengibre, que é uma delícia e que vou tentar reproduzir aqui em meus pratos. Frango a Yada, acompanhado de gohan. <br />
Isto tudo aconteceu porque não achei longe, nem reclamei de atravessar a grande São Paulo para entregar pão. A gente atrai o que pensa e ouvi muita sabedoria nesta tarde/noite de quarta-feira. Prometi fazer um spaghetti al vôngole para ela e o filho (mas irei previamente paramentado com uma armadura, nunca se sabe quando o bushi vai baixar de novo...). Esquecemos de fotografar o prato, fica para a próximaEdman Izipettohttp://www.blogger.com/profile/03201225339941325901noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8876615401072283865.post-79414716215766194482011-08-12T13:36:00.003-03:002011-08-12T14:26:42.100-03:00PaternidadeEra um sábado qualquer, dia de sol e meu saudoso pai disse que iríamos assistir ao jogo Palmeiras e Saad, no Parque Antárctica, para nós na longínqua Água Branca, duas conduções e tudo o mais. A primeira vez a gente não esquece e, naquele tempo jogo ao vivo pela TV era raríssimo, estava mais acostumado a ouví-los pelo rádio, com Fiori Gigliotti e, com muito mais emoção, Osmar Santos. Naquele tempo meu time disputava, e ganhava campeonatos...
<br />Meu coraçãozinho de pré-adolescente bateu forte quando escutei, ainda na bilheteria, o grito da torcida que canta e vibra. Meu pai, com a sabedoria expontânea de caboclo do interior, profetizou que o time adversário já devia estar na frente do placar, e não deu outra, quando conseguimos um lugar na arquibancada, na curva posterior à das piscinas, já estava 0 x 1, que no decorrer no primeiro tempo viraria 0 x 2. Mas os times trocaram de campo, e assisti o empate do Palmeiras naquele lugar mesmo, e meu time seria campeão paulista daquele ano. Assistir ao jogo do seu time com seu pai não tem preço, independente do resultado... e esta é uma das melhores lembranças que tenho do meu pai.
<br />Tenho dois filhos únicos, pela diferença de tempo que eles vieram ao mundo, e posso garantir que o nascimento deles foram momentos ímpares na minha vida. Não tem como explicar ver aquele ser, ainda com cara de joelho inchado, aparecer para o mundo. É a nossa maneira de parir, e única também, já que a natureza nos reservou o papel de coadjuvantes - e com a modernização da medicina, cada vez mais secundários - no processo de gestação. O homem que não presencia isto é um ser incompleto.
<br />Quis o destino que eu encontrasse uma enteada, que apesar do relacionamento ter se transformado em amizade, continuamos com uma ligação de pai e filha. Não a vi nascer para o mundo, mas tenho a grata satisfação de acompanhá-la no despertar para vida, já trilhando seus projetos e escrevendo suas poesias. Eu sou uma pessoa de muita sorte.
<br />Hoje ser pai é bem mais complicado (para quem ainda não leu, minha crônica Dia de Homem tenta explicar alguma coisa). Não basta contribuir com a genética, você vai ter que aprender, e suportar, trocar fraldas, tirar temperatura e passar as primeiras noites em claro, sob o risco de ser despejado da função. Aquela figura que sai de manhã para trabalhar e volta à noite, fingindo ouvir o que a mãe descabelada e cheia de olheiras tenta te contar, não cola mais. Tome sua linha ou o próximo filho sairá de um banco de espermas...
<br />E este novo comportamento não tira os antigos, como satisfazer as vontades da gestante, por mais absurdas que sejam, no meio de uma noite fria e chuvosa, em tomar sorvete de cupuaçu ou ir procurar ostras frescas no litoral. Ter um rebento com a cara de sorvete ou de molusco não é um risco que valha a pena correr. E tem que ser carinhoso, porque a futura mãe chora para qualquer espirro que você dê enviesado. Não temos as dores do parto, mas que elas aproveitam, isto aproveitam sim.
<br />Devo registrar que repeti o ritual do futebol com meu filho mais velho, numa época brava para o Alviverde, mas aí espero que ele mesmo conte sua experiência. Com o filho mais novo visitei o museu do futebol, e nos divertimos muito naquela tarde ensolarada no Pacaembu. Com a filha existe um problema de incompatibilidade de torcida (rsrsrs). Mas os três têm algo em comum em relação a minha pessoa: devoram os pratos que, porventura, eu preparo para eles, e não tem emoção maior, para um pai, do que esta.
<br />
<br />Edman
<br />12/08/2011
<br />Parabéns a todos os pais, heróis ou não.
<br />Edman Izipettohttp://www.blogger.com/profile/03201225339941325901noreply@blogger.com0