segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Vantagens e desvantagens de um ano bissexto!


(releitura acústica)

Antes que apelemos aos boldos, camomilas e ervas cidreiras do quintal ou do Doutor Otker, resultado da já tradicional mistura de carnes, bebidas, gorduras trans e parentes nas festas de fim de ano, que tal uma reflexão sobre 2008, afinal ele é bissexto. Eu escrevi bissexto...
Será um ano dez, ou um. Pela numerologia, dois mais oito é um. Eu prefiro dez embora a única sexta-feira treze aconteça apenas lá pela metade do ano, em junho. Santo Antônio já está a esperar por um aumento de pedidos e simpatias...
Misticismos à parte, nosso fevereiro terá um dia 29 e ele cairá de sexta-feira, um dia após a Lua minguar (para os privilegiados este dia é o verdadeiro fim de ano, pois só vai pegar no breu no dia três de março). Uma sexta a mais no ano para baladas, botecos, encontros e desafetos.
Muita gente vai poder comemorar seu aniversário de verdade, pois durante os anos “normais” tem que se contentar com o dia 28 ou 1º. Aos que nascerem neste dia nada de lamúrias, já que do ponto de vista da matemática é muito mais difícil nascer no dia 29 de fevereiro do que em qualquer outro dia, o que os torna, estatisticamente, especiais (isto deve valer como consolo).
Aos companheiros trabalhadores horistas um dia a mais para receber, mas sem euforia, pois no mês seguinte a Contribuição Sindical leva esta “gordura”. As cervejarias festejam – sem trocadilho – pois quis a providência que o dia sobriosalente fosse no verão. As cantinas COMEmoram já que 29 é dia de gnochi e em fevereiros anteriores isto não deu muita sorte.
É um dia a mais para mudar sua vida ou continuar na mesma. Trocar a marca da cerveja ou deixá-la de vez. Uma sexta a mais para ficar na estrada, fugindo do estresse da cidade grande, mas colocando os problemas, por distração, no porta malas e disputar com todo o resto da cidade grande um pouco de praia antes do fim do verão.
Para os que passam seus dias morfando em frente à TV – mesmo que digital plasmática - a previsão não é nada otimista. É um dia a mais no ano vendo os mesmos “autistas” ou as verdadeiras histórias de ficção. E por falar em ficção, será o dia que a Rede Globo transmitirá jogos da segunda divisão, ao vivo de qualquer cerrado do Brasil, afinal um dos queridinhos da sua grade de programação estará lá! Haja coração...

Edman Izipetto, desejando a todos um ótimo 2008...



E.T: uma loira ficou horrorizada quando lhe disse que o próximo ano é bissexto. Ao perguntar a razão de tanto escândalo, esperando explicações religiosas para o fato, ela me disse, quase sussurrando com medo que alguém escutasse, que bissexto é quando irmãos transam duas vezes...

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

São Paulo, virado à

O sol é generoso, mas o resto do trabalho não deixa ele iluminar. Muita fumaça por nada, apenas para continuar. Todos têm seus cabrestos, olham para frente e talvez daí se esqueçam de sinalizar. Direita, esquerda, ré. Por que a pressa? O sinal, o sinal...olá, como tchau, já vou fugindo e você...Quem viu o enorme disco laranja a se deitar por trás dos prédios do BNH neste sábado, interstício de feriado?
Plantas de metrópole são solitárias. Aqui e ali, sem continuidade, sem bichos. Os ipês reinam em setembro mas é preciso achá-los, procurá-los e, mais difícil, admirá-los. Ficar parado olhando uma árvore pode derrubar a bolsa, subir o dólar e causar flutuações nas comodities. Sempre há um marronzinho à espreita para multar, mesmo que a arte lhe convide a não seguir, o flagrante o empurra marginal adiante sem direito a rodar. Pobre rio congestionado de sujeira, artéria doente terminal cuja água são apenas lágrimas de saudade. O rio também é um solitário sem vida...
Cores também encobrem, mas aqui até os tons pastéis cheiram à gordura trans. Tudo é fast food. Rápido. Toda refeição é um virado, uma mistura de texturas que mal tocam à boca, o organismo, mas entopem. Veias, artérias, rios. Todos acabam recebendo seu colesterol civilizado, urbano e mal pago. Cores, o céu felizmente encheu-se deles e procura amenizar o início da noite, onde tudo é um reflexo de alguém.
Não há mais letreiros nesta cidade. Apenas luzes refletidas no rio morto, nos vidros dos edifícios, nos retrovisores, nas almas que viraram espelho, apenas refletem exteriores sem identidade. Não há o que achar por aqui. Apenas consumir...
Cabe ao poeta descobrir estes rostos, transformar este virado num guisado recheado, colocar a cidade ao redor dos ipês, arrumar as estrelas para indicar os caminhos, trazer para a minha janela aquele sol poente e defumar ao meu redor destes ares doentes.
"Eu sou poeta e não aprendi a amar", a não ser que tenha luz própria...

Edman 10/09/07

terça-feira, 12 de junho de 2007

Dia 12 só tem 24 horas

            Há quinze dias a mídia vem bombardeando coraçõezinhos junto às ofertas de lojas de departamentos. Mas brincadeira, quem em sã consciência vai dar um rack, uma cozinha ou uma TV de plasma de presente de namoro. Mas tem tudo a ver. Viagens, luz de velas, cosméticos e closes de casais esteriotipados em clima de romance. Uma pausa neste mundo cada vez menos apaixonado.
            Mas ele conseguiu dar uma desculpa para no domingo escolher o presente. Achou estranho ela não ter ficado chateada, fazendo muitas perguntas, questões, investigando porque o danado quer ficar longe logo no domingo. De tão desconfiado ele é quem começou a perguntar, se ela ficaria bem, se ia sair com as amigas, almoçar com a irmã, pajear os sobrinhos. Respostas escorregadias de ambos combinam em se telefonar à noite.
            Em shoppings diferentes, ambos foram comprar os presentes do dia dos namorados. Último domingo antes da data importante, estacionamento, escadas, elevadores, corredores e atendentes, tudo acima do limite do tolerável. E a dúvida em o que dar. Não é fácil enamorados se presentear. Se o presente for um objeto já pode sinalizar que vem casório por aí. Se errar no gosto pessoal é porque não gosta, não sabe o que o outro quer. E se o presente indicar uma futura ausência então, azeda o mês todo.
            Nosso casal sobrevive à compra, agora é a ansiedade de esperar dois dias para saber o resultado. A prova de fogo é o telefonema à noite, onde cada um sabe o que outro foi fazer, mas não quer estragar a surpresa. É uma verdadeira batalha segurar. É melhor não se verem até o dia 12. Segunda-feira, dia onze, é um dia de poucos encontros mesmo. Vai passar rápido.
            Chegou o dia e antes mesmo do despertador o telefone toca: Bom dia meu amor, feliz dia dos namorados, eu te amo, você é minha vida, não vivo sem você. Não é preciso definir quem ligou para quem. Ambos fizeram isso, afinal, é o Dia. Durante o trabalho, aquele friozinho no coração, não vê a hora de largar o batente e cair nos braços, trocar aquele beijo quente e de entrega. Fazer mais.
            Por volta das 19 horas conseguem se livrar da labuta. Trânsito e sem planos, resolvem jantar num lugar aconchegante. Não se combinam neste ponto. O dinheiro não é problema, podem pagar o melhor restaurante de São Paulo. Mas ele quer massa e vinho e ela quer manter o regime e a abstinência. Como o dia é de trégua, optam por um peixe, mas com luz de velas.
            A fila já começa pelos valets. Tem senha para poder entregar o carro. Todos os casais da cidade resolveram vir neste lugar. Ela retoca a maquiagem a cada 5 minutos, acendendo a luz interna e apagando, entre um cigarro e outro. Ele presta atenção no rádio, no retrovisor, na vez e no relógio. Buzinas e motores acelerando. Uma família exaltada espinafra a fila dupla que entope a fluência do trânsito. Não há nada de romântico no ar.
            Na fila da porta de espera do restaurante, na calçada, mais uma constatação: vai demorar para sentar e ficar se entreolhando. É uma carreira de casais abraçados, tentando manter um mínimo de calma, em meio ao trânsito de carros e pedestres que assistem ao circo. Nem uma cortesia do restaurante, estamos ao frio, pelo menos não há garoa e o céu de São Paulo está deslumbrante.
            São 23 de horas quando nosso casal consegue um lugar à mesa. É um canto fora da janela, na ala de fumantes e passagem dos garçons. Não há o vinho que se quer, mas o que restou.
           
Edman Izipetto
12/06/2007     

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Porque não o Rivaldo?

Sinceramente, não entendo cabeça de diretor de futebol, pois é uma no cravo e outra na canela. Estão fazendo carnaval atrás de um atacante, prometendo investidores para Denis Marques, Rômulo, Remo, Roma e o Rivaldo dando sopa no mercado. Não é negócio de grego, sem trocadilho.
Porque o veterano Palestrino Rivaldo não tem lugar neste time, lá na frente, entre os zagueiros, empurrando as bolas que têm repicado na frente sem ter quem as empurre, levadas com maestria por El Mago, Edmundo e Michael eu gostaria de saber.
Dinheiro? Dê-lhe a camisa 9 e marque sua estréia no Parque Antarctica. Será semelhante ao efeito Edmundo, no início do ano passado. Camisas esgotadas até na pirataria e estádio lotado. Mais que qualquer promessa vindo com investidores, sempre bem vindos, mas que terão que se adaptar.
Oportunidade. Precisamos aproveitar a oportunidade. Dois atacantes estarão fora de combate este ano (Alemão e Osmar). Para marcar temos uma baciada de volantes e zagueiros, para correr temos os “Meninos do Parque”. Não cabe a Rivaldo, nem a Edmundo, correr e marcar, mas sim criar, finalizar e deixar os zagueiros adversários preocupados. E não creio que Caio Júnior não queira contar com um jogador como este no plantel.
Porque não o Júnior?
Guardadas as devidas proporções, mas porque também o Júnior, lateral esquerdo e meia, não foi procurado ainda para voltar ao clube que o projetou. Nossa lateral esquerda ainda é fraca, com Leandro ou com Valmir, não inspira confiança, e vamos ficar um bom tempo sem o Valdivia, por conta dessa Copa América, que não conta nada, não vale nada e nem calendário tem.
Ele, Michel e Willian fariam uma interessante parceria pelo lado esquerdo, bola de pé a pé, cruzamentos mais precisos e cobrança de faltas mais perigosas. É time para ser campeão Brasileiro, da Libertadores e Mundial. Aí sim, sentaríamos com os investidores e colocaríamos o Verdão no lugar de onde nunca deveria ter saído.
E onde está o Beto?
Onde está o garoto se nós só temos o Florentin e o Cristiano?

Edman Izipetto, jornalista e apreciador de castanha de caju, não de amendoim.
17/05/2007

terça-feira, 24 de abril de 2007

Nosso camisa nove

            Há quanto tempo não vejo o Palmeiras preocupar-se com planejamento. Nossas doloridas desclassificações não impediram a continuidade do ótimo trabalho da diretoria e da comissão técnica. Não estou puxando de ninguém mesmo porque eu não tenho compromisso com nenhum grupo, eu sou Palmeirense geneticamente comprovado.
            O Palestra está arejado, novos ventos sopram e balançam nossa bandeira verde e até a mídia está tratando diferente. Pelo menos a mídia séria. Estamos atrás de reforços sem desmontar o time que está se encorpando. Isso já é uma grande evolução. Eu passei pelo jejum de 16 anos sem nada, sei do que estou falando e o que acontecia.
            Por mais que o time esteja em formação faltou o centroavante. Nem Edmundo nem Osmar o são, embora cumpriram seus papéis na arte de balançar as redes. Um é craque e deve fazer a bola chegar, do meio para frente. O outro, veloz, é um razoável segundo atacante, jogou sacrificado pelo esquema, isolado na área sem estatura para isso.
            Mas não temos o nove. César, Toninho, Evair e Wagner Love, dos que eu vi jogar, são a minha referência. Fome de gols e preocupação entre os zagueiros. Nossos gols de cabeça são, na maioria, dos zagueiros. É uma arma, mas não pode ser a regra. Não tivemos sorte com os que chegaram, é verdade.
            Alemão chegou depois, mal estreou e se contundiu. Não dá para analisar. Florentin chegou machucado, em mais uma aposta válida – nós temos sorte com paraguaios – e quando começou a engrenar machucou-se. Nitidamente não estava em condições de jogo nas últimas partidas, mas acho que ele pode ser o nove. No jogo que ele brilhou, na Copa do Brasil, em que pese que o adversário era fraco, ele sempre estava no lugar certo como todo centroavante. E soube servir. É jovem e espero que jogue neste campeonato brasileiro. Cristiano é segundo atacante, ele e Osmar, juntos, não combinam e ele sozinho não funciona.
            Quanto ao retorno de Alex Afonso sei que muitos torcem o nariz. Ele sabe fazer gols e se, metade dos que ele fez pelo Bragantino fossem nossos, estaríamos ainda disputando o Paulista, pois foi no saldo de gols que perdemos a vaga. É para compor elenco, entrar no segundo tempo, essas coisas. Não concordo com o empréstimo do Beto, outra vez, para o Juventude. Acho que este garoto já merecia uma chance neste time de garotos. Vamos acabar perdendo-o deste jeito.
            Gostaria de ver o Adriano, Ronaldo, Cristiano Ronaldo vestindo a nove do Palmeiras. Não sou louco. Mas nossa realidade não é essa, ainda.

Edman Izipetto, palestrino morador do ABC, viva o azulão...
24/04/2007
           
           

terça-feira, 3 de abril de 2007

Quando os meninos viram homens


            Também já estou cansado desta história de perder para os bambis, principalmente porque a mídia sempre inventa uma estatística “da hora” favorável ao clube do tricot. Mas esta derrota doeu mais por não ser merecida. O placar não foi justo com a gente. Houve falta sobre o Willian no lance que originou o terceiro gol deles, mas isto já é passado.
            Gostei de ver a reação da garotada. É assim que se constrói um time vencedor. Podemos não conseguir nada neste primeiro semestre, não importa, já temos um time, embora eu acredite na classificação na Copa do Brasil, mesmo que na ponta dos cascos. E também acho que vamos chegar no Paulistão e quero pegá-los na semi, e tirá-los.
            Nossa carência é o ataque. Não sei porque o Florentin não joga. Osmar é um razoável segundo atacante, para correr pelos lados, mas na área nosso paraguaio já mostrou que entende (em cinco minutos deu mais trabalho ao bicudo goleiro deles do que todos os outros “atacantes” em mais tempo de jogo). Por que não joga o Florentin? E por que emprestaram o Beto? Esta semana vai dizer se os meninos do Palestra já viraram homens

            Primeiro Campeão Mundial

            Eu cresci ouvindo meu saudoso pai falar deste título. Ele tinha 22 anos na época e sempre se emocionava, principalmente pelo Brasil ter perdido o mundial um ano antes. Os que estão ironizando o reconhecimento da FIFA é puro despeito e ignorância. Desprezam, mas estão anunciando que querem reconhecimento de outros torneios. Há um time sem campo que quer a oficialização da “Pequena Taça do Mundo da Venezuela” realizada em 53 e outro, cujo grande jogador já falou besteira, quer um título conquistado em 58.
            Os dirigentes do Palmeiras prepararam uma vasta documentação para provar que o torneio foi realizado e com representantes da própria FIFA. Não ficou soltando notinhas pela imprensa amiga. Este processo vem desde 2001 após, por pura incompetência administrativa e de bastidores, ficarmos fora daquele mundial no Brasil, em 2000, quando o correto seria participarmos como os campeões da Libertadores de 1999.
            E tem uma coisa mais que os que desdenham não se conformam: em 1951 o Palmeiras foi Brasil com 110 mil torcedores no Maracanã vestidos de verde. Foi a verdadeira invasão...

Edman Izipetto, jornalista, torcedor do primeiro clube campeão mundial.
03/04/2007

quarta-feira, 7 de março de 2007

Os meninos do Palestra

            Há coisas que não acontecem sempre. Outras desfrutam de mitos que, repetidos enfaticamente, acabam virando verdades, relativas, mas verdades. A de que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar é uma dessas máximas. É a probabilidade de cair e não algo científico ou divino que determina isto.
            Sempre foi dito que o Palmeiras não revela jogadores. E tanto a mídia repetiu isso que até os próprios dirigentes acreditaram. Lembro dos goleiros, Gilmar, Veloso, Sérgio, Marcos. Dos tempos de vacas magras, Edu e Gérson Caçapa. Galeano teve a sorte, ou não, de aparecer junto com a Parmalat. Outras promessas acabaram saindo logo sem ao menos desfrutar dos vestiários profissionais.
            O time que detonou a MSI no último jogo tinha David, Francis, Wendel (hoje titulares absolutos) e no banco Thiago Gomes e Diego, que só não está jogando porque o titular é o Marcos, também prata-da-casa. Nosso plantel ainda conta com Bruno, Willian (que não jogou por conta de contusão, mas também é titular), Vinícius e Cláudio. A mídia só lembra que perdemos Ilsinho (que forçou sua saída) e Pedro (por incompetência de quem o dirigia na época), não que nosso time atual tem a base formada nas categorias de base.
            Bastou mudar a atitude. Bastou abrir as janelas da administração, arejar e ver que muita solução estava ao alcance. E não perdê-los. Tivemos em mãos uma dupla de ataque que faria história: Edmilson e Vagner Love. Outra mentalidade os tirou do nosso time. Aprender com essa tremenda besteira é sábio. Onde houver talentos e condições de trazê-los, ótimo. Mas são os meninos do Palestra que vão reerguer taças. Eles valorizam a camisa, a história e as conquistas.
                                   Edman Izipetto, jornalista, palmeirense e, depois de muito tempo, feliz depois de um clássico.
07/03/2007