domingo, 1 de agosto de 2021

Rebeca da breca

 A menina de Guarulhos, não fiz pesquisa, atravessou o mundo redondo, muito redondo, para fazer piruetas. Desconheço a nomenclatura da ginástica, mas ela pula obstáculos, quantos estiverem no caminho. Este é o espírito do brasileiro que nasce negro, preto, mulato, pobre e periférico.

Desvia de balas, jamais perdidas, mas direcionadas ao preconceito. O esporte, e a cultura, é o triplo carpado para fugir da marginalidade. A escola é quase que uma exceção, uma redenção, desde que não incomode os doutores patrocinados para continuar a dominação das castas.

Quem mais poderia harmonizar Bach com funk? Movimentos dignos do filme Matrix, uma realidade virtual antes dela existir. Uma Macunaína do século XX competindo entre tantas loiras, também meninas com seus dramas, mas sem a agilidade de usar o Flic-Flac para escapar da morte, talvez não a física, mas do determinismo.

Rebeca é muleca, mas com uma serenidade que assusta, não ao que tenta trazudir o sentimento de quem escreve esta emoção de pódio compartilhado,  mas dos mais de 260 milhões de brasileiros, desconhecendo que o país pouco fez para que chegasse ao ouro e prata, e muito menos dos que perceberam que nossa Bandeira foi resgatada.