quarta-feira, 7 de dezembro de 2005

Libertadores, mundial e uma mudança de postura

Em 2006 vamos para nossa 13ª participação no torneio mais importante do primeiro semestre. Exaltamos o fato de sermos o clube brasileiro que mais vezes o disputou. Eu não vejo vantagem alguma nisto. Trocaria as treze participações por três títulos, disto sim eu gostaria de me gabar...
            Ainda falta ao Palmeiras o mundial inter-clubes (o de verdade, não os torneios de verão caça-níquel patrocinados pelo investidor do time vencedor). E falta porque sempre quando chegamos perto, boicotamos ou não lutamos pelos interesses alviverdes.
            Alcançamos três vice-campeonatos da Libertadores e, na última delas, contra o Boca em 2000, fomos visivelmente lesados pela arbitragem no jogo de La Bombonera, pois não tivemos “presença de bastidor” para influir na escolha do árbitro. Perdemos o bi da Libertadores naquele jogo, não nos pênaltis no Parque Antarctica.
            Também perdemos o torneio em 93 e 94 por falta de planejamento, ou interferência no planejamento da nossa co-gestora Parmalat. Tínhamos time para levantar todos os canecos possíveis, mas não tínhamos dirigentes à altura desta conquista. Em 96 montamos uma “máquina” que apenas ganhou o Campeonato Paulista, foi desmontada exatamente por isso. Até onde lembro, do time de 72 e 73, faltou estrutura também, pois dentro de campo não havia problemas.
            A diferença em 99 era Felipão. Foi ele quem forjou o time a sua imagem e semelhança e segurou a “bucha”. Mesmo com Parmalat o time não era mais tão técnico quanto os anteriores da co-gestão, mas tinha um foco e um líder, que não se intimidava com “fogo amigo” ou palpites ministeriais.
            Tenho a impressão que estamos indo para o mesmo caminho com o Leão. Espero estar certo porque ser campeão paulista é bom, mas não resolve. Quero ser campeão mundial.

Edman Izipetto, jornalista, paulista e com sede de globalização
07/12/2005

terça-feira, 29 de novembro de 2005

Até quando vamos ser os primos pobres?

Acho que está faltando calabreza nas veias romanas do Palestra Itália. Quisera que a mesma vontade autocanibalística fosse direcionada para os que defendem outras cores. Episódio mais recente: Leão, nosso técnico salvador da pátria, expulso do jogo contra o Internacional.
Não ouvi, li ou decifrei nenhum diretor questionando o árbitro, defendendo o técnico ou, pior, defendendo o Palmeiras. O fato é que o pênalti foi duvidoso, e tanto o árbitro quanto o “mesário” eram do sul. O árbitro atua no Paraná e o mesário é gaúcho. E o fato deste último ir receber brindes no vestiário colorado, logo após o jogo, é passível de questionar sua imparcialidade ao dizer sobre a agressão do técnico adversário.
Parece que o Palmeiras tem medo de ser grande. Não é o caso de se ganhar nos bastidores, mas de se fazer representar, igualar as forças para que as decisões ocorram sempre dentro das quatro linhas. Nossos atletas, quando são julgados, nunca são absolvidos, e uma expulsão sempre tem dois jogos a cumprir.
Juninho pegou um“gancho” por vídeo denúncia depois do apito final. Amoroso deu cotovelada no jogo contra o Flamengo, Gustavo Nery agrediu Dimba (e só este último foi expulso), Tevez simulou pênalti duas vezes contra a Ponte e não levou amarelo e nestes casos não houve punição do olho eletrônico nem questionamentos. Hoje a mídia clama que Leão pode pegar até um ano.
Até agora nenhum cardeal alviverde se pronunciou para poupar o técnico do desgaste de explicar a situação. Leão precisa se concentrar apenas, e já é uma árdua tarefa, em montar o time para vencer o Fluminense e carimbar nossa participação (13º) na Libertadores. Não esqueçam que o Fluminense é o time do presidente da CBF e se o árbitro “sorteado” for o Wilson de Souza, do DF, vamos ter que jogar muita bola...

Edman Izipetto, jornalista e apreciador de sabores picantes
29/11/2005

sexta-feira, 24 de junho de 2005

Não se muda a história em segundos, mas sua direção é possível corrigir...

É muito fácil bater. E isto o PT sabe muito bem. Mas desde a luta das diretas, a ala almofadinha do PMDB, que mais tarde viraria PSDB, apenas aturava “aquele pessoal de macacão sujo de graxa”, pois eles eram bem mais frenéticos que seus filiados e eram úteis para fazer barulho, apenas isto.
O Brasil tem mais de 500 anos de história, pouco tempo de vida independente (se é que o teve algum dia) e muito, muito pouco mesmo de vida democrática. É um segundo se fizer uma comparação matemática. É um estalo de dedos, mesmo que este gesto seja o de contar notas.
O que o bufão Jefferson relatou é o que ele fez, faz e continuará fazendo, (ele tem mais de 25 anos de politicagem nas costas e nos bolsos) daí a riqueza de detalhes que até agora a imprensa não quis aprofundar. De réu, citado numa fita de vídeo, está virando mártir. Como o tal do santo Marinho, ladrão de galinha que é corrupto, pediu emprego ao padrinho e agora tenta incriminar apenas diretores do PT.
Não são jornalistas que destacam as manchetes, muito menos os fatos. São os donos da mídia. A imprensa está à míngua, vendendo bens para se manter e não consegue financiamentos. A dívida vem dos bons e honestos tempos de FHC, do dólar barato, bancos sendo socorridos (mui amigos) e a festa da importação desmedida. O ápice foi a venda de estatais, com financiamento do BNDES. Onde está toda aquela dinheirama? Era apenas papel.
Independente de acertos políticos, o governo Lula não vendeu nada e ainda obrigou a Petrobrás utilizar indústria nacional na construção de suas plataformas. A situação energética era tão grave antes e, mesmo com a economia aquecida, não tivemos apagão. Fez a primeira correção na tabela de IR em dez anos. E tem gente comendo, o básico, mas comendo, por conta do Fome Zero.
E está mexendo no ninho do mandacaru. O projeto São Francisco vai tirar o “puder” de muitos coronéis que sobrevivem da miséria do sertão. Isto já é demais e a melhor prova disso é que Antônio Carlos Magalhães é contra.
Estudar história não é decorar nomes e datas, mas alinhavar os acontecimentos. Lula ser o presidente do Brasil é um marco neste país oligárquico. Incomoda. Acharam que não ia dar certo, que o país iria mergulhar no caos. Entregaram o país na beira dele. Mas erraram a estratégia e, costurando prós e contras, foi Lula quem tirou o país da vulnerabilidade externa. Foi demais e a perspectiva de reeleição é inconcebível pelas oligarquias.
É preciso ler as manchetes e enxergar a notícia. Juntar fatos que pareçam antagônicos, contar quem tem mais espaço e julgar, é esta palavra mesmo, para onde a notícia quer te levar.

Edman Izipetto
Jornalista, poeta, palmeirense e eleitor do PT
24/06/05

terça-feira, 21 de junho de 2005

Não vou vestir preto nem que a vaca tussa...

            Mesmo que ela vá para o brejo. Antes de vestir preto responda-me uma pergunta: qual deputado federal você votou nas últimas eleições? Lembra o nome, o partido, ele continua no mesmo partido? Cumpriu alguma coisa? E o deputado estadual? Você sabia que existe Assembléia Legislativa em São Paulo, é, ela existe sim, mas tem ficado à sombra nos últimos dez anos.
            Por que o preto? Você por acaso é viúva do FHC ou é alguma saudade do apagão, aquele breu todo explicado pela dialética efeagacínica. Ao invés de manifestações politicamente corretas, comportadas, estilo Família Hipócrita Cristã, da classe média que leu Marx entre um 12 anos ou Corvesier, vestir preto é para camuflar a própria silhueta bicuda.
            Tem que usar o preto sim, mas nas páginas em branco. Assinar um pedido de redução de salários e extinção de qualquer valor sob qualquer pretexto. Aqui em São Paulo, na Assembléia Legislativa, sob a maioria do PSDB e PFL, guardiões das boas condutas e zelosos do dinheiro público, entre outras, aprovaram a verba Auxílio Paletó. Todo ano nossos “chics” deputados têm a bagatela de R$3.000,00 para ternos, sem justificar se a verba foi usada para isso.
            Tem que assinar preto no branco para reduzir salários e extinguir benefícios, a começar do político que você ajudou a eleger. Em todos os níveis. Do Presidente da República aos vereadores. Vamos exigir que todos reduzam seus salários e eliminem as ajudas de custo, o vale caspa ou auxílio manicura. Quer ser político? Saiba que não vai ganhar dinheiro com isso, muito menos o meu.
            Em tudo é necessário o primeiro passo. Agora fazer fashion black day não vai resolver nada. A não ser para a indústria da moda. Além do mais, sou palmeirense e preto não me cai bem...

Edman Izipetto
Jornalista
(Dia 29 é dia de gnocci da sorte, não de luto nacional, aproveite e leve seu amor, seus amigos para saborear este prato acompanhado de um bom tinto).
21/06/2005

quinta-feira, 19 de maio de 2005

Um gol sob vários ângulos

É hora da virada. Chega de perder para o São Paulo no campo e nos bastidores. Começou ontem com a partida realizada no Parque Antarctica, a despeito de boa parte da mídia achar um absurdo o Palmeiras jogar na sua casa, endossando o coro dos empertigados tricolores. Por quê? É histórico, o São Paulo já quis tirar o Palestra Itália do Palmeiras, não conseguiu e até hoje não se conforma. E basta dizer que um dos times que se juntou para formar o atual São Paulo chamava-se Palmeiras. Mas foi ridícula a idéia de deixar aquele imenso espaço vazio entre as torcidas, será que é coisa do secretário de segurança são paulino?
Mas voltando ao jogo, como aquele gol sem querer mudou os comentários. A impressão é que o São Paulo massacrou e aplicou uma goleada histórica, impossível de ser revertida, como se o Palmeiras jamais tivesse vencido no Morumbigo.
Fosse o Palmeiras o vencedor, pelo mesmo placar, as manchetes seriam outras, menos ufanísticas: Vitória magra, decisão ficou para próxima quarta; Palmeiras sai na frente, mas decisão ainda tem 90 minutos; Vitória sem brilho em jogo truncado.
Mas como aconteceu aquele gol sem querer, de um chute de esquerda de um lateral direito, da intermediária, esqueceram de dizer que os dois times jogaram de igual para igual, marcaram muito e produziram pouco.
O que muda para a próxima partida? No Palmeiras voltam Nem, Magrão e Pedrinho. No São Paulo não há nada a acrescentar e ainda pode ficar sem Grafite e Cicinho, fora a arrogância que lhes é peculiar.
SPFC 0 x 2 Palmeiras, dia 26 será feriado de bambis tristis.
19/05/2005

quinta-feira, 14 de abril de 2005

A culpa é da Marta!

Após cem dias, sem novidades. Tudo de ruim que acontece na cidade de São Paulo é culpa da Marta. O genérico prefeito Serra não consegue dizer um parágrafo que não tenha uma citação da ex-prefeita. Até no balanço dos cem dias só houve citação, martírios para todo lado, talvez porque não tivesse o que dizer, talvez não soubesse como explicar que não fez.
Porque não focalizar esforços em resolver as coisas. A eleição para prefeito acabou, você venceu, ou melhor, a Marta perdeu. Acredito que você tenha inteligência suficiente para entender que sua vitória foi mais uma derrota de Marta. Ela foi aprovada como prefeita, nunca esqueça disso. Você ainda não o foi e está demorando muito para começar a fazê-lo.
Bastaram cem dias e São Paulo está voltando a ter a cara feia. Com obras ou não, a cidade estava sendo bem cuidada. Arborizada. Mas o que esperar de quem chama palmeira de coqueiro. O exemplo é aquele pedaço da 9 de julho, arrebentado pelas chuvas de verão, terminado na sua gestão e largado, com o canteiro todo arrebentado, mas afinal para que tanto mato, não é? Melhor são os gramados estéreis, basta passar o cortador – mas precisa passar viu Serra, o mato cresce – e está resolvido. Corredores como da Faria Lima e Helio Pelegrino, nunca mais...
Enquanto estiver preocupado com as eleições, e é só isso que justifica tamanho bombardeio com a antecessora, afinal ela foi aprovada como prefeita, São Paulo vai seguir nesse mutirão: a cada dia um secretário ou subprefeito vai se revezar nos ataques, a mídia vai dar espaço para as “idéias” do prefeito – destruir os calçadões do centro, ampliar o rodízio, inventar mais dois museus, cobrar pedágio nas marginais – e nada, nada de administrar esta cidade. Afinal, no ano que vem tem eleição para governador e as poucas obras na cidade são do governo estadual.
Realmente, a Marta é a culpada por você estar na prefeitura hoje. Só ela.


Edman Izipetto
14/04/2005


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2005

Carta aberta aos eleitores contribuintes

NOBRE DEPUTADO, EU NÃO QUERO PAGAR PELO SEU AUMENTO, SE NÃO ESTIVER CONTENTE COM O SEU GANHO ATUAL, DEMITA-SE!           
 Foi com temor que recebi a notícia da vitória do folclórico deputado Severino Cavalcanti a presidente da Câmara dos Deputados. Por que?
            A única lembrança do ilustre parlamentar é a de que, em todo final de ano, naquela semana entre o Natal e o Reveillon, ele aparece reclamando dos parcos vencimentos dos pobres e combalidos deputados federais.
Pouco importa que o “expediente” da Câmara seja a partir do meio dia da terça-feira até ao meio dia da quinta-feira. Pouco importa que há dois recessos por ano, em julho e de meados de dezembro até o carnaval. Pouco importa que nas festas juninas a bancada nordestina, da qual Severino faz parte, simplesmente não se atreva a aparecer em Brasília.
E muito pouco se importam, desgastados parlamentares, se em ano eleitoral somem de Brasília e, se precisar votar algo importante, ou seja, se precisar justificar os subsídios e auxílios que mensalmente caem em suas contas, independente da presença ou não no seu local de trabalho, eles ainda cobrem extras.
Agora no discurso de posse do caro Severino, a primeira preocupação é simplesmente aumentar os ganhos dos colegas que o elegeram em mais R$10.000,00 por mês. Isto multiplicado por 513, número de deputados na câmara, significa um aumento de gastos no total de R$5.130.000,00 ao ano.
Mas a irresponsabilidade não vai parar por aí, pois o efeito bola de neve vai rolar até os municípios. Por lei, os Deputados Estaduais podem ganhar até 75% dos vencimentos dos colegas federais, e os vereadores, até 75% dos deputados estaduais. A maioria ignora que o “até” significa limite, não piso. Irão citar a lei para justificar que seus subsídios estão defasados e toda aquela lábia que os políticos têm para defender seus próprios interesses.
Quem vai pagar a conta? Nós, portanto é melhor cortar o mal pela raiz. Entre em contato com o seu deputado federal, se não lembrar, não importa, entre em contato com quantos deputados você puder e impeça mais este assalto ao nosso bolso, acesse http://www2.camara.gov.br/ e diga sua opinião sobre esse reajuste. Repasse aos seus amigos.

17 de fevereiro de 2005

Edman Izipetto
jornalista