domingo, 1 de maio de 1994

ASS

Um muro, de tão duro, transformou-se em porta. Ficaram pedaços de vitórias, obstinadas e até obsessivas, mas vitórias, porque o talento, quando é bem dirigido, sempre alcança algum pódio.
            Glória de todos nós, porque subimos juntos, porque sentimos, afinal torcemos mesmo, na nossa melhor maneira de expressar que existimos, que fazemos parte deste mundo cheio de bandeiras amarelas.
            Por que o vazio então? Até que apareça outro herói, essa sensação de orfandade ainda vai nos acompanhar por muitas outras curvas, mais ou menos trágicas, porque simplesmente precisamos disso tudo.
Vamos reprisar, quase que inconscientemente, alguns daqueles fragmentos, importantes num determinado momento de nossas vidas, e sempre fazer a pergunta incrédulos: aconteceu mesmo?
            Para o mundo é o Senna perfeito, ídolo, imbatível, rápido, tão depressa na vida que até para sua viagem pensou em quebrar algum recorde e, foi-se... Ainda deve estar a correr, com uma máquina melhor, procurando um pit stop para saber o que aconteceu.
            Nos registros é mais um Silva que se foi, nem com maior ou menor saudade, choque ou lágrimas que tantos outros Silvas anônimos, mas fez o que tinha pra fazer e, desculpem a frieza, cumpriu a sua parte. Façamos a nossa antes que uma “tamborello” nos impeça de receber a bandeirada.

Edman Izipetto
01/05/94