quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Classe Medieval

O cenário econômico está preocupante, principalmente porque os especuladores sabem aproveitar muito bem este momento. Cabe a nós, mortais, cuidar muito bem do nosso rico e suado dinheirinho. Não, não vou ensinar ninguém a transmutar chumbo em ouro, pois se soubesse estaria escrevendo este blog da Toscana ou da Provence, não da Serra do Mar...
A primeira coisa a se fazer é não ficar repetindo a toda hora que há uma crise no ar. Existe uma fábula, que os motivadores adoram contar nos workshops, que o cara não sabia que havia uma crise porque estava ocupado demais trabalhando. Isto é de grande serventia aos patrões, mas você que é empregado sabe muito bem quando o mês acaba antes no saldo bancário. Você já sabe, faz supermercado, de alguma maneira se informa. Então use a informação para se precaver, não vai adiantar nada criticar o governo, jogar a culpa disto lá em Brasília - não que eles não sejam responsáveis também, mas lembre disto nas eleições - porque o rombo é mais em cima, é global para ser exato. Converse sobre soluções, a crise geralmente não gosta que a desafiem e vira marola.
Não saia por aí comprando importado mais barato. Você está resolvendo o problema de outro país, e se continuar a fazer isto amanhã você vai ser demitido, a não ser que trabalhe no ramo de importação. É meu caro, quando não há venda, a primeira coisa que acontece é o trabalhador perder o emprego, justo ou não, com MBA ou fluente em cinco idiomas, você vai para o olho da rua, tenha ou não dívidas. É o capitalismo ô meu!
Dívidas. Como a classe média adora uma prestação. Parcela tudo como se a própria vida fosse infinita. Acredito que financiar um imóvel seja necessário, um automóvel talvez, mas bens de consumo? Basta fazer as contas e ver o quanto de juro é pago nestas tantas vezes sem acréscimos. Balela, junte a grana e compre à vista com desconto. Pagou é teu e te dá liberdade para demitir teu patrão quando assim o desejar.
Agora, mais do que se endividar, é fazê-lo em dólar. Desculpe, mas é falta de inteligência mesmo. Quem pode garantir que a paridade vai continuar assim tão favorável. Pois é, ninguém garante e agora José, o dólar subiu, tua dívida também, mas você recebe em Real. Sabe o que as administratoras vão fazer? Cobrar, e se você parcelar o cartão, além de tudo, vai pagar juros de 200% ao ano porque trouxe aquele monte de bugigangas de Miami. Você contribuiu para o Tio San sair do huricane que se meteu e caiu na vossoroca dos maleteiros (maleteiro é o sacoleiro com grife).
E a invasão de produtos chineses. Você já se perguntou a custa de quê estes produtos são tão baratos? Você sabe que lá ainda executam quem se opõe ao regime? E ainda cobram as balas do fuzilamento da família do suposto opositor. Sem julgamento, sem a media internacional se incomodar, sem embargo da ONU. E sabe o que acontece com o segundo filho se for mulher? Se ela escapar da morte, ela não existe... É isto mesmo, não tem identidade, não tem família, não tem tem direitos e, se não cair na prostituição, vai ser mão de obra escrava dos produtos que você compra baratinho. Desde os pisca-pisca de Natal, que não duram até o Reveillon, passando pelos tecidos que duram uma estação, e, quem sabe, estes automóveis que a classe média correu para comprar antes do aumento de imposto. Tudo isto em detrimento do nosso emprego que, bem ou mal, paga impostos e tem lei protegendo.
Eu não fui para a China para saber destas informações. Elas estão na imprensa, de maneira homeopática, entre um índice de IGPM e um gol.
Em tempo: como pode um país com pouco mais de 500 anos de história vetar a aceitação de um estado, cujo povo existe desde os primórdios da civilização. Viva a Palestina, viva o Estado de Israel e vamos parar com esta richa de irmãos, afinal não são todos filhos de Abrão?

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