terça-feira, 5 de setembro de 2006

Planeta-anão é o cometa

Há se Galileu fosse vivo. E Copérnico, provavelmente, viraria um meteoro-bomba e neutralizaria de vez a Praga onde isso foi decidido. Rebaixaram Plutão à segunda divisão, mas esqueceram que na copa solar não há segundona. Anos-luz separam os planetas dos asteróides e cometas e, entre eles, os satélites, que apenas funcionam como categorias de base, revelando marés e fases crescentes ou minguantes. Haja dor de cotovelo para que estes elementos cheguem a ter vida própria.
         Na verdade excluíram Plutão do sistema solar numa manobra de bastidores de Netuno –nunca se conformou em dividir os limites do Sol – com Urano – este cansado com o trocadilho com seu nome. Para detonar com o David dos planetas, os cientistas argumentaram que existiam mais “astros” semelhantes como Ceres, Caronte e Xena, aguardando na burocracia galáxia e resolveram criar a nova nomenclatura: Plutão virou planeta-sem-classe e perdeu o status de fronteira para o infinito. Os dois gigantes oficiais do limite solar já projetaram repartir os dividendos de terminal, parada estratégica, complexos turísticos e centro de compras a níveis estratosféricos. Investimentos para isso têm origem de uma nebulosa aglomeração de estrelas cadentes. Até onde vai esta sociedade é um buraco negro de expectativas.
         Mas voltando aqui na Terra a batalha foi dialética em uma tentativa de enquadrar os escorpianos. Diria mais, foi mineirisse, aquela de comer pelas beiradas, pois a sigla, UAI (União Astronômica Internacional) diz tudo: acreditam os astrônomos que desqualificando seu (ex) planeta regente, esses aracnídeos horripilantes irão se esconder de vez nas frestas do conhecimento. Expulsar o esoterismo do empirismo. Mal sabem eles que se a palavra tornou Plutão compacto, mais letal é o veneno.
         Outro argumento é que Plutão é excêntrico. Sua órbita em torno do Sol é longa e foge aos padrões. Eu diria que ele é independente. Sua massa é inferior a Ceres, Caronte e Xena. Então o pessoal da UAI se reuniu na República Checa para decidir se a Xena era planeta e Plutão é quem pagou com o exílio.
         Plutão está solto na galáxia, sem tamanho, sem brilho, mas enigmático como o signo que ele inspira. Não há telescópio que o veja nem microscópio que o revele. Tão distante e no limite de conhecer o que está dentro do solar sistema e vislumbrar outros sóis. A beira da expansão do conhecimento. Nós, escorpianos, vamos além das aparências, transformamos e regeneramos.
         Os cientistas apenas confirmaram que Plutão é, realmente, nosso astro regente, não importa se anão ou gigante.

Edman Izipetto, escorpiniano sem planeta
05/09/2006

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