quarta-feira, 15 de março de 2006

Os alkimistas estão chegando

            Nossa, os tucanos escolheram o candidato! Quer dizer, o triunvirato bateu o martelo, penas voaram, macadâmias e scoty (como a esquerda intelecneoliberal gosta de chamar whisky) e até uma comemoração de vitória, que a arrogância peessedebista não conseguiu conter, parece ter encerrado o longo caminhar sobre o muro da indecisão. Tudo acabou em pizza, literalmente.
            Engana-se quem acha que essa “escolha” demorou os últimos meses (ou o último final de semana) para ser definida. Guardião da pedra filosofal do Palácio dos Bandeirantes há 11 anos, dois meses e 15 dias, o médico de Pindamonhangaba já traçara o mapa do destino nas eleições municipais.
            Aclamado como única opção para derrotar Marta Suplicy na prefeitura de São Paulo, Serra bem que tentou resistir, mas caiu na armadilha. Aceitou a disputa, ganhou a prefeitura, mas renunciou a sua própria vaidade de ser presidente. Recordando, naquela época, pré-denúncias e CPIs, Lula seria imbatível numa reeleição.  Na época a estratégia de Serra foi correta, aguardaria a reeleição à frente da prefeitura e depois, sim, concorreria novamente à presidência. Mas o cenário mudou.
            Para o governador era tirar um (forte) concorrente interno da disputa. Comprometido com a cidade mais importante economicamente, dificilmente o prefeito então eleito, deixaria o terceiro orçamento da União para concorrer à presidência e correr o risco de perder novamente. De quebra deixaria um mandato de mais de dois anos, na prefeitura de São Paulo, de bandeja para o PFL, que é um ótimo aliado desde que ocupe a sala da vice alguma coisa. Seria uma traição ao eleitorado paulistano.
            Para o futuro ex-governador é a projeção nacional que ele, hoje, não tem. Está em final de mandato, não pode ser reeleito no estado e o que vier é lucro. Ganhando ou perdendo a eleição, o alkimista sairá ganhando. Apoiou o Serra para chegar à prefeitura para que ele fique lá, cuidando para não deixar o PT vencer de novo. Aos pregadores da ética de plantão cabe requentar velhas denúncias, atiçar as fornalhas de depoimentos sem provas e aguardar. Afinal, de fogo e caldeirão, os palácios estão cheios. Preparem-se caminhoneiros, a temporada de pedágios está aberta...

Edman Izipetto
15/03/2006

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