E o mundo não acabou embora, cientificamente, ele morra um
pouco a cada dia. Nós estamos no meio da existência, por volta de 4,5 bilhões
de anos. A humanidade, no sentido biológico, não ético, está há 5 mil anos (A
terra não precisou muito de nós para evoluir...). Como dizem as pesquisas, com
erro de alguns milênios para mais ou para menos. E o Natal, teoricamente, há
2012 anos. Mas é menos que isto, pois começou na era industrial para incentivar
o consumo. Não calculei estatísticas, mas acho que é uma fração de segundos
esta importância toda.
Nascimento de Jesus? Há controvérsias, mas se hoje há
nascimentos que ainda se perdem nas datas, o que dirá há dois mil anos...O que
vale é o ritual, reencontro com os seus, os meus e os nossos. Mas até hoje não
me explicaram porque a morte dele é no calendário lunar – numa trilogia – e o
nascimento no solar – num curta. As explicações costumam ser num minuto.
Já que a Terra não parou, o negócio é enfiar o pé na jaca,
pois é isto que vai acontecer entre o Natal e o Réveillon. Comes e bebes,
presentes, sorrisos amarelos ou sinceros, chás de camolila e hortelã, e a
destilaria dos comentários que encontros assim fermentam sem catalizar... Não
adianta, onde estiverem duas pessoas, uma terceira estará com a orelha ardendo.
A propósito, meu menu deste ano é a maionese caseira da
mamma, risoto à moda de milão e codornas vestidas para matar (os dois últimos
sob minhas panelas e caçarolas). Uma ceia à La Babeth , com enredo Felinniano
e trilha sonora de Morricone. Comer, orar e amar (reza para mim é coisa de
religião, orar é o mais próximo que chegamos da essência).
Não vou desejar nada, mesmo porque iria parecer que estou
apenas devolvendo gentilezas (já que demorei a sair da toca). Quem me conhece
sabe que quero a alegria de todos, pois adoro uma festa, principalmente à mesa.
Festeggiare con allegria.
Enquanto escrevo, o brodo de carne, a base do risoto, curte
sua temperatura liberando os perfumes do bouquet garni numa ordem de cheiros
instigantes.
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