quarta-feira, 18 de maio de 2011

Viva as diferenças

O mundo em branco e preto tem um aspecto "noir", mas o que seria da vida se as cores primárias não se misturassem...
Ontem foi o Dia Internacional contra a Homofobia, compartilho todo o aspecto de luta, esclarecimento, alerta. O que é complicado, e até triste entender, é que em pleno século 21 ainda temos que marcar uma data para ser contra alguma coisa (por mais errada que seja), e não a favor de outra coisa, embora tenhamos na história o exemplo de Gandhi. Para o preconceito, para a violência, para a covardia, os rigores da lei e, se elas assim não o são, que lutemos por elas, como estão fazendo as cerca de cinco mil pessoas da Marcha Nacional contra Homofobia (que bem poderia ser Marcha Nacional a favor dos Homossexuais), hoje na Esplanada dos Ministérios.

Um ótimo prato é o resultado da combinação de diferentes ingredientes, de origens diversas do reino mineral, vegetal e animal, química entre doce e salgado, equilíbrio entre ácido e básico, entre textura e maciez, contraste de cores e aromas. Quem não tolera as diferenças deve comer muito mal, ou sempre igual, ou na total ignorância. Ignorância anoréxica pois aqui no Brasil as minorias são outras hoje. De acordo com o IBGE os negros são a maioria da população e, com certeza, no próximo censo, os homossexuais irão aparecer em pé de igualdade, em termos numéricos, com os héteros, não porque não o sejam agora, mas simplesmente muitos mais irão assumir sem o medo destes preconceitos tacanhos que a natureza humana há de extirpar.

Não gosto destes grupelhos radicais, com ideais cavernosos - um paradoxo chamar isso de ideal - que covardemente atacam indivíduos em menor número, seja a pretexto do que for. O que eles querem mesmo é "media", não identificá-los por grupos que se dizem representar, mas por indivíduos perturbados ou quadrilha, já frusta o momento fúnebre de celebridade que buscam. E que arquem, com a idiotice ou tragédia que causarem, longe da convivência humana. Qualquer violência tem que ser punida, prevenida, mas combatê-la é apagar fogo com inflamável.

Eu seria muito incoerente se alimentasse qualquer preconceito. Apesar do sobrenome "oriundi" de pai e mãe, meu parentesco mais próximo é o avô materno que apenas nasceu na Itália e veio para o Brasil com 4 meses. Minha avó materna era filha de uma mulata, com todos os traços e cores que resultam desta temperada mistura que encantou o pai da minha mãe. Lamento ter herdado apenas o cabelo crespo, gostaria de um pouco mais de melanina nesta pele, para não parecer um crustáceo quando ouso tomar sol. Mas o mais importante é que descobri, há algum tempo, que tenho uma deficiência genética no sangue cuja origem é Itálica e Mediterrânea. Apesar do nome nobre e gastronômico, ela não me faz mal, apenas me torna incapaz de doar hemoglobina. O que isto significa? Que a parte boa do meu sangue tem origem africana. E viva o colorido da vida...

edman izipetto
18/05/2011


"O mundo não é totalmente governado pela lógica: a própria vida envolve certa espécie de violência, e a nós nos compete escolher o caminho da violência menor.” Gandhi

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